Acéfalos: março 2006

quinta-feira, março 30

Abandono Social x Juventude Conteporanea

Pelo título pode parecer que irei falar de política. Mas não é o caso. E sim de psicologia social.

O Homem é um animal coletivo e anda em grupos. Sempre foi assim desde as cavernas. Com o passar dos tempos o comportamento coletivo vem se modificando conforme a cultura e as necessidades da época. O que vemos na atualidade é que o indivíduo em grupo age apenas para o suprimento de seus desejos imediatos.

Percebo isso como um enfraquecimento da nossa sociedade.
Não quero dizer que as pessoas não devam gozar plenamente da vida, mas sim, acredito que haja uma leviandade no viver.

A nossa juventude vem agindo mais ou menos como Dom Quixote, vagando, vivendo suas desventuras e aventuras, lutando contra moinhos de vento e sempre esperando que algum Sancho Pança o leve para casa ou o ajude a levantar.
Acredito que as pessoas estão vivendo sem consequências. Não acho que estou exagerando.

O que é abandono social?
Na Psicologia Abandono Social ocorre quando a pessoa se alheia do mundo que vive. Seja por desinteresse, alienação ou por impossibilidade física ou mental.
A humanidade ocidental neste aspecto está se tornando tão autista que passo a acreditar que ocorre pelas duas vias.
Vemos relações superficiais em todas as idades e todos os extratos sociais.

Até este site é parte disso. Minhas divagações também são superficiais, sendo que não aprofundo tudo que descrevo. É o contágio da doença social de nossa época...

terça-feira, março 28

Não era para ser

Todo mundo pelo menos uma vez na vida já ouviu essa frase.
Seja quando levou um fora de uma garota, ou quando não conseguiu um emprego, ou quando foi demitido do emprego, ou ainda quando uma viagem há muito planejada não aconteceu.
Sempre ouvimos: "Ah, não liga não. Se não aconteceu é porque não era pra ser"
O que você acha disso? Eu acho que essa frase é o consolo mais esdruchulo que alguém já criou.

O "não era pra ser" tira a responsabilidade do fracasso da pessoa não ter conseguido. Minimiza a falta do algo mais para a pessoa ter conseguido seu objetivo. Celebra a falta da auto superação. Imbute no outro ou no destino o seu fracasso.
É um substituto do: " É porque Deus não quis". "Esse/Isso não era para você".

Numa percepção mais ampla esse tipo de frase remete o indivíduo a ser um joguete do destino e desestimula o seu potencial para futuras ações. Acende a raiva para com a vida e a resignação sobre sua condição humana.
O "Não era para ser" é hoje um dos maiores inimigos do "super homem" de Nietzsche. Como sabemos, super homem para Nietzsche é o homem que buca superar constantemente a sua condição (auto superação constante pelo desejo de poder).

Exemplo: O indivíduo deseja ser presidente de uma empresa. Chega a Vice presidencia e após algum tempo é trocado por outra pessoa no cargo. Ele não se superou, nem alcançou seu desejo, mas com certeza ele vai ouvir: "Não era para ser" invés de: "você errou a não ser mais arrojado nas suas ações no cargo". Ou seja, cala os motivos reais da derrota não dando margem a reflexão das ações positivas e erros cometidos para uma experiência futura.
O que vai acontecer com essa pessoa? Possivelmente ficará satisfeito com um cargo de diretor em qualquer lugar.

Somente com sua superação é possível conseguir concretizar os próprios desejos.
É claro que ninguém gosta de ficar ouvindo as críticas de suas falhas o tempo todo. E afinal de contas porque ninguém alertou antes, não é verdade?
Para isso existem outras frases que caem bem quando seu amigo estiver numa pior. Entre uma crítica e outra diga: "Na próxima você consegue" e/ou "Você é bom no que faz e fará melhor ainda no futuro", etc.

Para os que querem o sucesso, nunca se deixem dominar pelo espírito do "Não era para ser" pois ele leva nossa alma a um patamar inferior e nos relega à condição de vencidos e não de guerreiros.

Para aqueles que dizem para si mesmo essa nefasta frase, ela não passa de uma defesa para quem não quer se arriscar e prefere não enfrentar o medo. Medo do fracasso ou medo da vitória.

sexta-feira, março 24

Se os Tubarões Fossem Homens*

* Bertold Brecht

Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais.

Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias, cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim que não morressem antes do tempo.

Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.

Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões.

Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos.

Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos.

Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência.

Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista e denunciaria imediatamente aos tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.

Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre sí a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.

As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que entre eles os peixinhos de outros tubarões existem gigantescas diferenças, eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro.

Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos

Da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.

Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, havia belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nos quais se poderia brincar magnificamente.

Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões.

A música seria tão bela, tão bela que os peixinhos sob seus acordes, a orquestra na frente entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos .

Também haveria uma religião ali.

Se os tubarões fossem homens, ela ensinaria essa religião e só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida.

Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros.

Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar e os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiro da construção de caixas e assim por diante.

Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.

quarta-feira, março 22

Como Pode um Peixe Vivo...

A minisserie e a letargia da população frente as denúncias presentes.

A minissérie JK além de mostrar vida pessoal do ex presidente mostra também o desvio de dinheiro de obras, a prevaricação da instituição pública e políticos pervertidos sexuais.
Um presidente com aprovação popular que fechou os olhos para a corrupção em seu governo. Nada a ver com o que ocorre hoje, não é?

O que me chama atenção é que o clima da minissérie é todo light: músicas, iluminação, cenários, até mesmo as vozes dos artistas são brandas.
Todo esse clima deixa no imaginário popular (incosciente coletivo) um sentimento de letargia psicológica. Ele assiste na "ficção" a mesma tragédia da vida real romanceada minimizando a crise moral daquela época.
O mérito do Brasil da atualidade é que há muito mais transparência dos acontecimentos de bastidores políticos do que naquela época.

Concluindo: Naquela época ninguém fez nada por ignorar os fatos. Hoje ninguém fará também porque estão hipnotizados.
Uma nação de peixes vivos drogados esperando os próximos BBB, minisséries...
É tudo o que o Lula quer, e mais, é tudo o que todos que estão na corrida do planalto querem.

"Peixes vivos" vivendo como "gado"

segunda-feira, março 20

A mídia tem que voltar para Faculdade!

Os jornais não sabem o que fazer com as notícias. Descobre-se depósitos em grande quantia na conta do caseiro Francenildo (CPI dos Bingos x Palocci). O que a imprensa faz?
Pasmem: Dá a notícia de forma fragmentada, sem começo meio e fim e tentando levar o telespectador a achar que foi o PT que depositou.
Pasmem: O Nildo responde que o dinheiro é de seu pai biológico do qual ninguém conhece.
Pasmem: Em nenhum momento se aviltou a possibilidade da oposição ter pago o caseiro para abrir a boca.

No site Observatório da Imprensa: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/blogs/blogs.asp?id_blog=4&id={A8577D0C-3FDD-407F-BBCD-7110258D4787}
A grande informação era o dinheiro na conta do caseiro Francenildo. Pode ser que Nildo tenha sido manipulado pela oposição, ninguém apurou isso direito, a começar da Época, que primou pela irresponsabilidade e lançou a pecha sobre o caseiro.

Ótima iniciativa da Globo de veicular o documentário Falcão - Meninos do Tráfico em horário nobre no Fantástico. A edição do documentário foi primorosa.
Mas a Globo pisou na bola em um aspecto: enquanto MV Bill fez entrevistas com uma riqueza de conteúdo impressionante, os jornalistas Phd da Globo entrevistaram formadores de opinião da empresa que nada disseram ou acrescentaram ao que o públicou estava pensando naquele momento.
Lamentável: Se fizeram um edição tão boa com o Documentário, poderiam ter entrevistas interessantes sobre o assunto, ou simplesmente suprimissem as mesmas. Ficou um grande vazio de essencia no final. A grande formadora de opinião foi a mulher indignada com sua rotina com o filho nos braços esbravejando pela falta de perspectiva de futuro.

A última: Milisevic ganhou duas eleições para presidente (em 1993 pela Yugoslávia e em 1997 pela Sérvia)
Eu me pergunto: Porque o Jornal Nacional repete tanto "o ex-ditador Slobodan Milosevic".
Ele foi um homem de guerra em uma época que não havia nenhum clima de paz entre as etnias dos balcãs (era o momento do final do comunismo no Leste Europeu), e na sua guerra não fez mais atrocidades do que o EUA no Iraque.

sexta-feira, março 17

Cego*

Cego de nascença, aprendeu a ler no escuro. Desde pequeno, os livros lhe eram abertos, os toques lhe fundavam janelas, os sons lhe eram caminhos de pedra.

Um dia, achou um doador de córnea e pensou que os recursos adquiridos poderiam lhe render a visão total.

Não aceitou ser operado por conta do governo, nem enxergar no claro. Ficou com medo de se olhar no espelho das pessoas e ter medo da escuridão que havia nelas.

* Silas Correa Leite

quinta-feira, março 16

E eu lá sou idiota





Mais "informações" no link do site defesanet:
http://www.defesanet.com.br/mout/rio_15mar06_fsp.htm

quarta-feira, março 15

O drible contra a Morte (Parte III)

Anteriormente escrevi sobre a possível eternidade que terá o ser humano com a evolução da ciência.
Mas você já pensou quanto vale uma pessoa morta?
Um morto tem o valor de sua herança. Quiçá no futuro valerá seus órgãos que serão vendidos para transplante.

Mas tem algo que transcende essa visão. Um morto vale seu legado, seu destino, sua obra. Ouvi muito o ator Antonio Abujamra perguntar: O que é mais importante para você um destino humano ou uma Obra?
A grande maioria dos convidados respondiam humildemente: "Prefiro um Destino Humano". Mas será verdade? Será que todos nós não temos a ambição de deixar uma obra? Não peço para serem vaidosos, mas serem orgulhosos por suas vidas honradas.

Para o morto, após a morte, nada mais resta a não ser a honra. Não é necessário deixar uma grande obra (vide capítulo anterior). As vezes a retidão de sua conduta deixará um legado - "Aquilo que te move".
Esqueçamos a falsa modéstia descritas pelos convivas do Antonio Abujamra. Segundo Nietzche, o que move o ser humano é a "Vontade de Poder". Isso não quer dizer que o cara quer dominar o mundo. Na verdade, mostra que o ser humano é um ser desejante e vai em busca de poder conhecer e dominar aquilo que o move.

A cada dia ouço mais e mais pessoas fantasiando com seus funerais e a maioria me diz: Quem irá no meu funeral, acredito que não haverão muitas pessoas, como vão se lembrar de mim?
A resposta é que pode ser que muitos te esqueçam realmente, e logo após sua morte te transformarão em santo. Todos os mortos são ótimos pais, mães dedicadas, chefes maravilhosos e políticos honestos.

Quanto vale um vivo?
O vivo nem sempre trás lucro. Muitas vezes ele é o prejuízo de uma família.
Exemplo:
1 - Filho viciado em drogas, rouba sua família para sustentar o vício. Gasta a comida, as roupas, destroi a vida dos próximos, etc.
2 - A criança nasce, investe-se amor, roupas, fraudas, escola, médico na infância. Muitos destes gastos se perpetuam na adolescencia como livros, faculdade, brinquedos, jogos, hobbys. Na vida adulta todo esse investimento vira o futuro trabalho do indivíduo. Mas Tudo o que ele trabalhar durante sua vida vai pagar todo o investimento anterior? E se ele fizer faculdade mas escolher ser pescador?
Pode parecer prejuízo, não é?! Mas o lucro estará no sonho da evolução da família. Minha avó era doméstica e faleceu analfabeta Minha mãe é advogada, eu sou um psicólogo anarquista. Mas nem por isso considero um prejuízo. Pois a evolução do pensamento, da formação ideológica aliadas às atitudes valem o investimento.

E você prefere um Destino Humano ou uma Grande Obra?

segunda-feira, março 13

Golpe de Estado!

Se o exército fizer um Golpe de Estado nada mudará. A desmoralização de todas as nossas instituições públicas do país fica evidente.
O Exército não consegue sequer impor comando nos morros do RJ. São recebidos à bala e nada fazem a não ser patrulhar.
Após 1 semana de ocupação, mesmo sem resgatar as armas roubadas, o Comando Militar está retirando as tropas paulatinamente.
As satisfações que eles dão: apreendemos X kgs de cocaína e prendemos X suspeitos de tráfico.
Se o governo fosse militar, não seria diferente. O Tráfico hoje comanda um governo paralelo neste país, onde suas regras são as que valem. Se o Trafico quisesse, eles tomariam o poder pela força.
Outro culpado sobre o fracasso até o momento da ocupação militar no morro é a mídia (novamente a Mídia). Os reporteres estão tão preocupados com os Direitos Humanos desses carniceiros que não deixa o Exército trabalhar direito

Dizem que o exercito no morro cerceia a liberdade de ir e vir dos moradores. É a mentira mais deslavada, se é o Trafico que manda as mulherres e crianças ficarem no fogo cruzado e confundir o Comando Militar.
Se o Tráfico institui "toque de recolher" e ainda manda comércios fecharem em luto de algum comparsa ou para intimidar a sociedade.

Solução:
1- A Polícia Militar e não o exército deveria agir com investimentos macissos em inteligência.
2- Tratar a situação como guerra civil e não como sintoma social.
3- Reprimir com força o trafico na noite carioca e não só no morro (se você reprime o lucro maior que o traficante tem: classe média)
4- Usar atitude de parceria com a população e não de vigia e controle (ganharia a credibilidade das famílias e com isso seria difícil a coerção do Trafico em colocá-los como massa de manobra)

Estamos na mão dos Formadores de Opinião

Fautão, Gugu, Netinho de Paula, Pedro Bial, Cesar Camargo, Novelas,
Todos os Formadores de Opinião que sempre defenderam a atuação do povo estão calados.

O nariz de palhaço já foi posto em todos nós brasileiros. Nunca uma crise política foi tão grande, e paira uma indignação latente no povo. Parece que todos estão aguardando alguém acender um pavio como foi o caso do Impeachment de Collor.

Tenho plena certeza que se qualquer uma dessas personalidades levantar sua voz ou convidar um líder estudantil ou grupos ligados ao anarquismo e até representantes de ONGs teríamos um levante coletivo. Mas todos parecem dormir tranquilamente em berço esplendido.

A mídia iniciou uma cruzada em meados do ano passado. E a mesma agora está de braços cruzados. Estão concentrados em simplesmente ser reativos aos acontecimentos absurdos como as absolvições dos deputados em Brasília. O camarada é absolvido e o que toda mídia faz? LAMENTA. O papel da mesma neste momento seria de antever a PIZZA e chamar a responsabilidade todos os deputados (ainda por cima que estamos em ano de eleição). A cassação sairia pelo medo de perder a eleição e não pela ética, mas que seja, a opinião pública teria uma resposta ao clamor da mídia.
O que será que aconteceu? O governo abasteceu os cofres das Emissoras? Não serão cobradas as dívidas da Globo com o Governo?

A UNE não se levanta contra o governo pois o mesmo liberou muita verba para a instituição além de fazer o que eles há muito solicitavam: a expansão de liberação de vagas em gratuitas em universidades particulares. De 7.000 vagas do governo FHC para 70.000 vagas no atual governo.
Os Sindicatos também não vão se rebelar, pois houve maior autonomia de atuação dos mesmos e houve uma acomodação quanto ao crescimento de vagas no mercado formal. O crescimento foi tímido, mas só o fato de manter os postos de trabalho aberto já é lucro.
O Ministro da Cultura é membro do Terceiro meio de mobilização: Os artistas, principalmente os baianos e os cariocas sempre estiveram ligados à luta dos direitos civis. Mas estão todos acomodados e deslumbrados em ver o Gilberto Gil os representando e nada fazem também. Sequer pedem para o Ministro sair do governo e se juntar a indignação nacional. Mesmo assim, aconteceria ao contrário, pois o Gilberto Gil já pensa em se lançar candidato a Governador!

Se estas Três instituições tão aguerridas com a mobilização social estão "de rabo preso", não resta muito o que esperar a não ser que a iniciativa parta de Formadores de Opinião. Somente eles tem o poder de conclamar o povo às ruas e acabar com toda essa corja!

Nenhum intelectual se levanta! Os intelectuais estão alienados ou mortos!!!

terça-feira, março 7

O Brasil, a Itália, a Justiça e o Estupra Mas não Mata

O que é considerado estupro no Brasil?
Resposta: Quando uma pessoa é abusada sexualmente contra a sua vontade.

Há quem discuta sobre o estupro masculino (existe?), mas a questão é que este é um crime hediondo em nosso país.

Recentemente houve uma jurisprudência abrindo precedente para atenuar penas de crimes hediondos. Porém dependerá do foro íntimo ($) do juíz. Após esse evento a mídia de forma geral criticou o Poder Judiciário, o qual se defendeu dizendo sobre a necessidade de vagas nas penitenciárias para outros criminosos cumprirem suas penas.

Você solta um estuprador, assassino, psicopata para prender um ladrão de toca-fitas. Não que este não deveria ser preso, mas percebem a diferença de gravidade dos delitos e o tempo de pena a ser cumprido.

Temos leis até que rígidas, mas esbarramos na nossa cultura. A cultura do brasileiro é que tudo é permitido, que nenhuma falha é grave e que ninguém precisa ser penalizado. Caso ocorra a penalidade procuramos um jeitinho de sair dela e nisso criamos a cultura da impunidade.

Críticas a parte, falemos da justiça italiana.

O Poder Judiário Italiano não entende o estupro como crime hediondo. Caso a vítima estiver usando calça jeans no momento do crime, não será considerado estupro, pois os juízes entendem que é impossível abusar sexualmente de uma mulher usando calças.

Caso a vítima não seja virgem, o estupro é considerado um crime menor e a pena atenuada.

O criminoso só cumprirá a pena total se a vítima for virgem, usar vestido ou saia, e se for reincidente no delito.

Esbarramos neste caso na postura machista da sociedade italiana. Ou seja, estão agindo de de acordo com sua cultura.

segunda-feira, março 6

O drible contra a Morte (Parte II)

A ciência pouco a pouco cria novas formas de manter nossa longevidade e a cultura em geral vem demonstrando na ficção científica o desejo de que isso se torne cada vez mais verdadeiro.
Vai chegar um dia em que ninguém mais vai precisar morrer.
O que dizer disso?
A morte será um escolha do ser humano, assim como viajar, fazer um curso... O mais interessante é que não adianta ser imortal (ser Highlander) se a humanidade não evolui.
O que chamo de evolução está estritamente ligado ao sintoma cultural de nossa época. A cultura tenta se reinventar (na música, artes plásticas, literatura) mas o que fica para a massa é a mediocridade cada vez mais mediocre.
Existem vários criadores notáveis em nossa época, porém estão marginalizados (em um nicho de intelectais que se sentem no alto do Monte Parnaso e acima de tudo).
Mas como falei, trata-se de um sintoma. A massa quer a mediocridade cultural; a cultura que está cada vez mais pasteurizada demonstrando os mesmos sinais na essencia da massa.
As pessoas estão cada vez mais modeladas, seguindo padrões pré estabelecidos por formadores de opinião mediocres, e por algum motivo de inconsciente coletivo é isso que as pessoas querem. Estamos num mundo acomodado com o fácil, o simples e o imediato. Estamos num mundo que esquece da História e da importancia coletiva (não digo revolução, mas celebrações cívicas e até familiares).
Juntamente com a ferramenta que estou usando (internet) o mundo se pasteuriza. As pessoas ficam na sede de informação, mas de qualquer informação, e quanto mais curta for a manchete melhor.
E assim o exercício da reflexão morre.
Então para que ser eterno. Para que viver para sempre se vamos continuar acomodados a sermos medíocres palhaços sem graça, pobres de espírito, parasitas do Estado (esperando o salário família)
Para que viver para sempre? Para eternamente ouvir Carlinhos Brown, funk pornô epagodinho e sertanejo de corno? Para ler Analfabetos da literatura e Zibia Gaspareto? Se a humanidade estivesse cada vez mais ficando erudita talvez valesse a pena. Mas o que vemos é cada vez mais a humanidade criar subproduto da m... da mosca da m... do cavalo do bandido.
O que me move na vida é melhorar o mundo. Se não posso melhorar o mundo vou melhorar minha casa, minha família, melhorar o ambiente de trabalho, melhorar meus amigos. Quem sabe se eu for eterno consigo melhorar mais coisas.
Mas veja: algo me move.
E quanto a você: algo te move?

quarta-feira, março 1

Muitos precisando, outros conseguindo. Se todos realizam algo, o mundo segue o seu caminho.

Continuando essa semana mais zen, segue mais essa letra de música que vira e mexe me vejo cantando e me empolga em continuar fazendo meu pequeno papel no universo:

Caio no Suingue

Eu caio no suingue é pra me consolar
É que essa vida não tá mole, eu faço assim para me segurar

Se eu caio no suingue é pra me consolar
É que essa vida não tá mole, eu faço assim para me segurar

Esse funk é tiro de canhão
Rajada de metralhadora
Que situação
Esse país na emboscada
Mas injusta divisão
Com a boca escancarada
Faço esse protesto em forma de oração

Ave mãe
Filho, espinhos
Espíritos que habitam o planeta
Façam votos
Que em versos tomem atitude
Pra mudar a coisa que já ta pra lá de preta

Eu to cantando, você dirigindo
O outro tá rezando, alguns se divertindo
Muitos precisando, outros conseguindo
Se todos realizam algo, o mundo segue o seu caminho


Aliás, o Pedro Luis e a Parede se tornou uma das minhas bandas favoritas tanto pelo suingue como pela energia deles.

Quase*

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de
um quase.

É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que
poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase
morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se
perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania
de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor
não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na
distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença
dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra
ser feliz.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons
motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se
a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias
seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.

O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o
vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance,
para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,
preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade
de merecer.

Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis,
tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo
fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de
tentar.

Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que
sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem
quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

* Carlos Drummond de Andrade

Torcida & Carnaval

O que vimos este ano no carnaval de SP foi a prova de quem tem compromisso com o samba e quem não tem. Gaviões da Fiel e Mancha Verde sabem fazer samba, mas nunca serão Gremeio Recreativo Escola de Samba (GRES)mas sim Torcidas Organizadas de Futebol.

A prova disso é o fato de que após as votações o presidente da Torcida Gaviões da Fiel disse que irá abandonar o Carnaval de São Paulo. Se ele tem algum compromisso como GRES, nunca poderia ter dito isso, pois onde vai mostrar seus talentos, no carnaval de Santos, São Bernardo, Guarulhos.

Torcida de Futebol se meter em Carnaval é uma ABERRAÇÃO. Seus talentosos sambistas podem ajudar Escolas de Samba como também realizar todos os trabalhos para a comunidade de seus bairros como cursos profissionalizantes, oficinas culturais, atividades esportivas, atuações voluntárias de alimentos e vestuários. Talvez por isso sobre dinheiro para um pouco mais de luxo na Gaviões. Representar uma torcida é muito bonito, mas terão que mostrar que tem compromisso com o Carnaval.

PS: Estranhei o espetáculo de defesa da Globo junto a Gaviões. Quase que pedindo para que reconsiderassem de sair do Carnaval (se quer abandonar o Carnaval, muito que bem!). Sequer colocaram na tela a pontuação da também torcida Mancha Verde demonstrando dois pesos, duas medidas em sua cobertura. Chegou a ser constrangedor. Será que vale apena toda essa puxação de saco por alguns pontos de IBOPE?

Justiça é justiça: Leandro de Itaquera fez campanha política (Alckmin e Serra vide abaixo)e desceu p/ Grupo de Acesso. Gaviões desfilou sob liminar na sexta feira e desceu também.