Acéfalos: julho 2006

quinta-feira, julho 27

Brasília segundo Plebe Rude

Brasília
Plebe Rude

Capital da esperança
(Brasília tem luz, Brasília tem carros)
Asas e eixos do Brasil
(Brasília tem mortes, tem até baratas)
Longe do mar, da poluição
(Brasília tem prédios, Brasília tem máquinas)
mas um fim que ninguém previu
(Árvores nos eixos a polícia montada)
Brasília

Brasília tem centros comerciais
Muitos porteiros e pessoas normais
As luzes iluminam os carros só passam
A morte traz vida e as baratas se arrastam
(Utopia na mente de alguns...)
Os prédios se habitam as máquinas param
As árvores enfeitam e a polícia controla
(Utopia na mente de alguns...)
Oh.. O concreto já rachou!
Brasília....

Brasília tem luz, Brasília tem carros
(Carros pretos nos colégios)
Brasília tem mortes, tem até baratas
(em tráfego linear)
Brasília tem prédios, Brasília tem máquinas
(Servidores Públicos ali)
Árvores nos eixos a polícia montada
(polindo chapas oficiais)
Brasília, (Brasília)

Brasília tem centros comerciais
Muitos porteiros e pessoas normais
As luzes iluminam os carros só passam
A morte traz vida e as baratas se arrastam
(Utopia na mente de alguns...)
Os prédios se habitam as máquinas param
As árvores enfeitam e a polícia controla
(Utopia na mente de alguns...)
Oh... O concreto já rachou! Brasília...
Os comércios só vendem
e os porteiros só olham
E essas pessoas elas não fazem nada
mas essas pessoas elas não fazem nada
Nada! (Brasília...) Nada! (Brasília...)
Nada! (Brasília...) Nada! (Brasília...)

sexta-feira, julho 21

O medo e os muros (Brasil e o Mundo)*

medo é o sentimento mais bem distribuído no mundo, mesmo se a cada um cabe um muro diferente.

Há os que, como os cariocas, temem a violência da cidade. Esses experimentam na pele uma inversão histórica: as cidades que originalmente se construíram para dar segurança, no interior de seus muros, aos que ali viviam, deixando do lado de fora os inimigos, hoje se transformaram em campos de batalha entre seus habitantes. Aqui o asfalto teme a favela, que teme a polícia, que teme o bandido, que teme a polícia, que teme a favela, que teme o asfalto. Os muros crescem em torno das casas, dos prédios e condomínios. Mas não só aqui. Nos Estados Unidos, oito milhões de pessoas vivem em condomínios com segurança privada e câmeras.

Arquitetos e urbanistas aderem à estética do medo, suas paredes são muros com pequenas escotilhas. Brian Murphy, um arquiteto americano, construiu uma casa de luxo entre as paredes de um edifício em ruínas e cobriu-a de grafites para melhor a disfarçar, integrada na decadência da rua. Se a arquitetura oferece um completo painel da barbárie à civilização, o contrário também é verdadeiro.

Crescem os muros dos presídios de segurança máxima na mesma velocidade em que se cavam túneis.

Crescem muros nas fronteiras de povos inimigos, como na Palestina, mas também lá se cavam túneis para ir buscar do outro lado reféns e vítimas.

Muros separam países amigos como o México e os Estados Unidos, tão amigos que os mexicanos querem ir morar lá e morrem no deserto às portas da terra prometida.

Um muro separa a Espanha daquele ponto em que seu litoral quase toca a África, o continente dos imigrantes náufragos que se esgueiram onde encontram uma praia para atracar seus barcos e sonhos.

Uma injustiça inerente ao mundo globalizado permite que o capital viaje sem passaporte e sem alfândegas, escolha onde se instalar, aufira lucros e vá embora, enquanto quem trabalha fica confinado às suas fronteiras, forçado a aceitar as condições adversas que a mobilidade do capital impõe. É pegar ou largar. No fim das contas, ser largado. Mais um náufrago em terra firme.


A desigualdade que se aprofunda entre países ricos e pobres, entre ricos e pobres dentro de um mesmo país, explica as migrações e as favelas, o que já foi dito e redito.Todos sabemos que a desigualdade é a argamassa dos muros.

Onde crescerão os próximos muros? Eles são a metáfora do medo onipresente.

Paradoxalmente, enquanto o mundo virtual aproxima os distantes, a vida real constrói o muro que separa os mais próximos.

Imperceptíveis, crescem dentro de nós muros de indiferença, que nos separam uns dos outros.Rompidos os laços de pertencimento, estamos condenados à dança das cadeiras da competição.

Desunidos, o sentimento de ameaça pousa no corpo. Nem na nossa própria pele estamos seguros. O medo da doença se faz, então, obsessão preventiva.Tudo é perigoso, o peso, a pressão, o colesterol, o sexo, a comida envenenada, as artérias esclerosadas pelo sedentarismo. A prevenção não diminui a angústia. Aumenta o consumo de drogas e de antidepressivos. O corpo é a última fronteira contra a ameaça de morte que representa o fato de estar vivo.

De onde provém toda essa ansiedade que constrói muros internos e externos? Que mundo demente está gerando tanto medo, um tal produto de infelicidade bruta?

Do que sofremos, afinal? De depressão ou de legítima tristeza?

Chamar a depressão de tristeza já é recuperar a lucidez. A tristeza tem causa e pede reação. Não é a neblina da depressão, quando aceitamos como fatal e inevitável o que estamos vivendo dentro de nós mesmos, em nosso país e no planeta. Se antes anunciávamos com a força da fé que a História estava do nosso lado e que os amanhãs cantariam, deprimidos, com a mesma força dogmática, afirmamos que ela está contra nós. Daí a paralisia. O contrário simétrico do sentido da História é a História sem sentido. “Cheia de som e de fúria”, um baile funk.

Ora, a História não fala antes da hora, não promete qualquer paraíso. Resta viver sem bússola nessa bola girando, sem que saibamos por quê, no universo indevassável. É nesse mar de incertezas que construiremos alguma alegria.

E se o mundo regido pelo lucro estiver redundando em imenso prejuízo? E se fosse melhor para todos diminuir desigualdades criando um mundo não de iguais — que felizmente não somos — mas de semelhantes? E se puséssemos nisso toda a energia e inteligência coletivas, inventando soluções nunca exploradas? Se começássemos, modestamente, pela nossa cidade?

Edgar Morin, no seu “Evangelho da Perdição”, enfrenta o “silêncio desses espaços infinitos” que amedrontava Pascal. Sua pregação é simples. Sejamos solidários, não como acreditam os religiosos, para nos salvarmos, mas porque estamos perdidos. E só temos uns aos outros, partilhando o que sobrou — água, terra, energia — de um planeta finito e solitário.

Impraticável? Esperemos que não. Porque, caso contrário, o resto será o silêncio nas ruínas dos muros.



*ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA é escritora. E-mail: rosiska.darcy@uol.com.br.

segunda-feira, julho 17

Psicopatas Light

Acabou a copa e a ciranda de feriados. Os ataques do PCC estão amornando por enquanto e quem vai alavancar o ibope das emissoras até a campanha eleitoral começar de fato? Resposta: Suzana Von Rithconsoante.

A psicopata patricinha que matou os pais com seu namorado pobretão (a Dama e o Vagabundo).

Qual a capa da revista Superinteressante no mês: Psicopata.

Já que o assunto está em voga vou aproveitar para requentar um texto do Arnaldo Jabor de 15/06/2004 que posso considerar quase um ensaio sobre a neo psicopatia e a evolução da espécie humano no novo milênio.

Vou colocá-lo na íntegra e espero que me perdoem por se tratar de um texto datado mas que dá uma visão completa da alma humana na sociedade ocidental:

"Os psicopatas chiques estão chegando"

Tenho assistido à novela Celebridade com fervor. Adoro. Principalmente pelas personagens que as grandes atrizes Claudia Abreu, Deborah Evelyn e Ana Beatriz Nogueira encarnam. Elas nos fascinam pela ausência de culpa em seus corações e mentes. Antigamente, nos romances, nos filmes, nos identificávamos com as vítimas; hoje, nos fascinamos com os cruéis. Não torcemos mais pelos mocinhos - torcemos pelos bandidos. A verdade inapelável é que os heróis dessa novela são os malvados. É um "neo-Vale-Tudo", desse autor que influenciou até o impeachment do Collor, com Anos Rebeldes, lembram? Em Celebridade, reparem que os bonzinhos têm até uma certa inatualidade careta. Maria Clara foi até alvo de apelidos de Maria Chata, por ser muito correta, bem-intencionada. Quem nos fascina são os filhos da p.... Por quê? Bem, além da genial interpretação das três atrizes, os psicopatas são nosso futuro. Eles encarnam a vida moderna, cada vez mais, pois estamos sendo pautados pela luta absurda de dois psicóticos: Osama de um lado ccom seu exército de estúpidos com o rabo para Deus e, do outro, a mesma coisa com Bush e seus malucos. Nossa esperança com os USA virou pó.

Antes, pensávamos: os USA são o máximo! Eles fazem Boeings, remédios, tecnologia, satélites, eles são democratas e competentes. Bush nos fez desamparados. Como acreditar em harmonia futura, em bom senso, em arte, em cultura, em filosofia, depois desta revolução da estupidez?

Dentro de casa, nesta era Lula, vivemos uma democracia de massas com o gigantesco aluvião de boçalidade que nos atinge. Com a crise das utopias, agravada pela decepção com o governo, com a ausência de ideologias possíveis, de sindicatos e partidos políticos, com o desemprego e o descaso pela miséria, com a exposição brutal de um escândalo por dia, de vampiros, gafanhotos, "laranjas" e fantasmas, com a propaganda estimulando o sexo sem limites, com a ridícula liberdade para irrelevâncias, temos o indivíduo absolutamente sozinho. Isso leva a um narcisismo desabrido que evolui para a psicopatia. Somos hoje free lancers sem limites morais em luta para um lugar ao sol. Ou pela fama ou por um golpe na praça - ou ricos ou famosos.

Diante do espetáculo de sordidez e violência, diante dos cadáveres, da miséria, do cinismo, somos levados a endurecer o coração, endurecer os olhos, endurecer o "pau", em busca de um funcionamento "comercial" ou seremos descartados, tirados "de linha" como um carro velho. Essas condições sociais e culturais, na mídia e no ar-do-tempo, vão parindo legiões de psicopatas, muitos deles disfarçados de chiques ou light. São os loucos de hoje e do futuro que estão chegando. Falo isso, porque as doideiras são históricas também. Já houve a época da histeria com a repressão sexual vitoriana, houve a época do romantismo utópico onipotente, a paranóia do entreguerras. Hoje, respirando num mundo sem lei, sem ética, surge o psicopata. E veio para ficar.

A novela do Gilberto Braga acerta em cheio nessa doença. O psicopata, light ou chique, que não faz picadinho de ninguém, que não é serial killer, tem, no entanto, as mesmas molas que moviam até o esquartejador. É fácil reconhecer o psicopata. Ele não é nervoso ou inseguro. Parece muito sadio e simpático. Ele em geral tem encanto e inteligência, forjada na razão pura do interesse sem afetividade ou culpa para atrapalhar. Ele tem uma espantosa capacidade de manipulação dos outros, pela mentira, sedução e, se precisar, chantagem. Não se emociona nem tem compaixão nenhuma pelo "outro". O que mais impressionou nas fotos da prisão no Iraque foi o sorriso luminoso das mulheres torturando os presos. Questionado ou flagrado, o psicopata não se responsabiliza por suas ações, sempre se achando inocente ou "vítima" do mundo, do qual tem de se vingar. Ele, em geral, não delira. Suas ações mais absurdas e cruéis são justificadas como "lógicas", naturais, já que o "outro" não existe para ele. Ele não sente nem remorso nem vergonha do que faz (o que nos dá imensa inveja). Ele mente compulsivamente, muitas vezes acreditando na própria mentira, para conseguir poder. Seu fraco "amor" aparece como posse ou controle. Não tem capacidade de olhar para dentro de si mesmo. Não tem insights nem aprende com a experiência, simplesmente porque acha que não tem nada a aprender.

E esse comportamento está deixando de ser uma exceção. O psicopata é um prenúncio do futuro, quando todos seremos assim para sobreviver. A velha luta pela ética, pela paz, solidariedade está virando uma batalha vã. Esses sentimentos humanos só foram possíveis também historicamente. Raros foram os momentos em que vicejaram. Os chamados comportamentos humanos estão se esvaindo na distância. O que é o humano hoje? O humano está virando apenas um lugar-comum para uma bondadezinha submissa, politicamente correta, uma tarefa inócua para ONGs.

O humano é histórico também. Talvez não haja mais lugar para esse conceito, que é mutante. Somos máquinas desejantes que nos transformamos com o tempo e a necessidade.

Como nesta novela balzaquiana, oportuna e política do Gilberto, vemos que o Brasil está se dividindo entre babacas e psicopatas. Antes, os psicopatas tocavam num mistério que não queríamos conhecer. Tínhamos medo deles. Hoje, os babacas estão ficando com uma inveja danada dos psicopatas, por sua eficiência, rapidez e falta de escrúpulos. Estão vendo que essa antiga doença vai ser uma virtude no futuro. Estão vendo que terão de ficar loucos como eles para sobreviver. Em breve, seremos todos psicopatas.

sexta-feira, julho 14

Drible contra a Morte (Parte VII)

A liberdade pela liberdade é efêmera.
A liberdade pelo compromisso é coragem.

Desde há muito tempo venho observado que há um culto à liberdade. A liberdade descompromissada com o mundo e com si mesmo. Encontramos exemplos dessa liberdade na literatura e nos filmes.

Num passado distante no cinema: Easy Rider - O filme que lançou Dennis Hopper e Jack Nicholson e consagrou o já famoso Peter Fonda; O Selvagem - com Marlon Brando e Acossado de Goddard com Jean Paul Belmondo.
Mais recentemente: Assassinos por Natureza de Oliver Stone;
O que vemos nestes filmes são personagens cativantes e sedutores, sendo que esta característica não é condição do libertário. Passa-se a impressão de que as pessoas com essa "liberdade" são o máximo e de modo geral busca-se este perfil. O rebelde sem causa em busca da liberdade por seu próprio meio, sem se preocupar em se adaptar com a civilização.
O texto está quase parecendo discurso da TFP (Tradição, Família e Propriedade) mas não quero levantar a bandeira conservadora. Quero expor com isso que a liberdade pela liberdade tem um fim em si mesma. Que não constroi uma biografia.
A vida de Jim Morrisson não forma uma biografia, a não ser para quem acha interessante ler uma rotina de "acordar-drogar-transar-drogar-dormir". O que forma sua biografia são suas idéias sobre o amor, o prazer e o senso de sociedade igualitária.
No caso da Janis Joplin ocorre o mesmo, sua vida desregrada e descompromissada com o mundo contradiz com a capacidade vocal dessa mulher.
No caso do Raul, a dificuldade é outra, pois o sonho de ser livre o tornou dependente da alienação provocada (as drogas). Rauzito queria ser como esses loucos acima, mas construiu família, construiu relacionamentos e até uma religião.
Podemos dizer que ele conseguiu entender como se deve construir a liberdade, porém se perdeu no sonho dos mártires do rock.

Chegamos então ao Bill Gates. Maior exemplo de liberdade da atualidade. Este homem entendeu o momento do mundo, entendeu seu lugar no mundo e usou da criatividade e sua liberdade com compromisso (com sua família, gerou uma empresa, sua saúde física e conforto) e se tornou o homem mais rico do mundo.
Hoje ele tem espaço para agir como bem entender sem ser displiscente com o mundo à sua volta.
Outro homem livre é nosso brasileiro Gustavo Kuerten, que, mostrou-se liberto das regras do mundo o bastante para quebrar o tabu de se jogar tenis de branco, usando cores arrojadas e cabelos compridos.
Seu modo de vida nunca deixou de lado seu compromisso com a criatividade de jogadas e com as questões sociais.
Quando se viu impedido de jogar por motivo de contusão criou uma grife e uma instituição de caridade.
Eles fizeram isso por obrigação? culpa? sem motivação? Não! fizeram pois sentiram-se livre de construir uma biografia pautada em compromissos.

Esse, com certeza, é um assunto polêmico pela necessidade do ser humano de sentir-se sem amarras.

Penso que a liberdade pode ser digerida pela zona de conforto que conseguimos.
1- Dinheiro gera uma zona de conforto em que podemos desfrutar de coisas pelo desejo.
2- Paixão gera a necessidade de fazer o outro feliz. Uma relação afetiva é pautada pela realização de ter uma pessoa e fazê-la feliz (não por altruismo, mas para que a outra pessoa nos faça feliz também).
3- Arte gera filhos inanimados animados pela criatividade e liberdade de expressão.
4- Família gera a base que utilizaremos para trabalharmos o livre pensar e o livre agir

A prisão do mundo ocorre:
1- Seguir modelos pré concebidos de pseudo liberdade (modas, atitudes de pessoas que vemos como exemplo,..)
2- Religião aprisiona na culpa dos modelos engessados da igreja e pelo silêncio dos fiéis escutando os sacerdotes a dizer-lhes qual o verdadeiro "caminho da libertação"
3- Política aprisiona as pessoas e ideologias que funcionam como cabrestos na mente das pessoas, não as deixando ver outras verdades pertinentes ao seu coletivo (bairro, cidade,...)
4- Desesperança aprisiona as pessoas que deixam de acreditar que podem ser livres ou vencer em seus objetivos.
5- Orgulho aprisiona as pessoas pela vaidade, pela cobiça e pela ambição desmedida

Acredito que se as pessoas entenderem que o ser humano é um animal e, um animal coletivo, acredito que haverá um conceito de liberdade pautado no compromisso.

Interessante ressaltar que as duas "liberdades" definidas podem se tornar prisões exatamente por viverem em função dela.

Tudo o que se define aprisiona.

sexta-feira, julho 7

Fugir do precipício com determinação é apenas o início da nossa ressureição

Já escrevi a respeito desses magos da nova MPB em março. Pedro Luis e a Parede a cada dia me surpreende e entra na minha cabeça com letras inusitadas em que de repente me vejo cantando sozinho. Foi o caso anteriormente de Caio no Suingue e agora com Aê Meu Primo

Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar
E vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar

A Terra tá cansada
O povo tá confuso
Se não fizermos nada
Ela entra em parafuso

Eu sei que é difícil
Achar a solução
A crise é no mundo
Não é só nossa nação

Viver no sacrifício
E sub condição
Não pode ser um vício
Não tá direito não

Fugir do precipício
Com determinação
É apenas o início
Da nossa ressureição

Tem falta de estrutura
E falta de vergonha
Não fique aí parado
Esperando a cegonha

Trazendo pelo bico
Solução pro seu problema
Mudar o dia-a-dia
muda um pouco do sistema

Eu sei que dá preguiça
Cansaço e frustração
Mas quando desanima
Vem o verso da canção e diz...

Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar
E vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar

A Terra tá cansada
O povo tá confuso
Se não fizermos nada
Ela entra em parafuso

Eu sei que é difícil
Achar a solução
A crise é no mundo
Não é só nossa nação

Viver no sacrifício
E sub condição
Não pode ser um vício
Não tá direito não

Fugir do precipício
Com determinação
É apenas o início
Da nossa ressureição

Tem falta de estrutura
E falta de vergonha
Não fique aí parado
Esperando a cegonha

Trazendo pelo bico
Solução pro seu problema
Mudar o dia-a-dia
muda um pouco do sistema

Eu sei que dá preguiça
Cansaço e frustração
Mas quando desanima
Vem o verso da canção e diz...

segunda-feira, julho 3

Brasil em Letargia

O Brasil pode ser definido como o país do carnaval e do futebol. Interessante não é?

Nenhum país tem como a folia o símbolo natal. Normalmente fala-se em pontualidade britânica, frieza alemã, materialismo judeu e português, negociantes árabes, trabalhadores coreanos (só para iniciar a lista).

O que chama atenção nos últimos tempos é a falta da nacionalidade nos simbolos nacionais e passividade como isso acontece.

Alguns podem até argumentar que o mundo é globalizado e isso é uma tendência hoje. Mas vamos analisar:

1) A única cidade que exporta carnaval é o Rio de Janeiro. Sambódromo lotado e desfiles transmitidos para todo o mundo.
Eis que o enredo vencedor fala sobre um tal de Simon Bolivar, e eis que a GRES Vila Isabel foi patrocinada pela Empresa de Petróleo Venezuelana que é estatal e controlada por Hugo Chavez.
É claro que quem faz a festa é o povo brasileiro, apesar de que, mesmo este argumento é furado: só artistas e classe média desfilam enquanto os pobres batem tambor, empurram carros e fazem número na avenida.

Ou seja, este ano tivemos uma festa de ricos e de estrangeiros.

2) O país do futebol desencantou o mundo. Não vou listar as mazelas do Parreira e de seu elenco. Só digo que o elenco foi dele e não da nação.
Quero dizer com isso que o Brasil perdeu não só a Copa como também a credibilidade porque não jogou como Brasil.
Não vou entrar no mérito de jogar com coração, nem nada disso. Apenas que os jogadores preferiram jogar com o modelo europeu.

3) A fauna e a flora de nosso país está a cada dia se esvaindo em derrubadas clandestinas e queimadas para plantio de soja na Zona Amazônica. Não há política de proteção ambiental e os povos das matas vendem-se para os estrangeiros que vêm explorar nossa biodiversidade.

A nação assiste passivamente o país se desintegrar, tanto em seus símbolos como em sua estrutura.

A letargia que já descrevi anteriormente fica cada dia mais evidente e não nos assombra mais os políticos nos roubarem, os bandidos nos aterrorizarem, qualquer estrangeiro nos explorarem.

Vivemos uma nação estática em que a maior forma de protesto é cantar a música Brasil do Cazuza. Isso não resolve.

É claro que também não vai resolver eu ficar gritando no meio de uma praça como um pastor evangélico esperando arrebanhar o povo para uma revolução.
Hoje, nada pode o povo contra o poder. O muro que separa as ações populares da mudança e progressão do país é gigante, e é violento.

É triste ver uma seleção dos melhores jogadores do mundo ficar estática, assistindo a invasão dos franceses em nosso gol.

Da mesma forma a nação paralizada contra os bandidos e os políticos corruptos.

É triste ver a população tencionando votar nos mesmos que estão no poder hoje, seja de que lado for.

Devíamos cantar o hino nacional diariamente como no passado para lembrarmos de matéria somos feitos.(Só que estamos desligados)