Acéfalos: abril 2006

sábado, abril 29

1° de Maio com Sangue Anarquista

Em 1° de maio de 1886 ocorreu uma grande manifestação nas ruas de Chicago (EUA) com centenas de milhares de pessoas na intenção de conseguir melhores condições de trabalho e redução da jornada para 8 horas diárias.
Em resposta à greve a polícia reprimiu as manifestações com bombas e abrindo fogo contra os manifestantes. Nesta data 12 operários morreram nesta luta.
Dezenas de pessoas foram presas, e soltas posteriormente com excessão de 8 manifestantes anarquistas que foram condenados sumariamente à forca.
EM 1889 líderes socialistas decidiram fazer manifestações para reduzir a jornada de trabalho para 8 horas todos os dia 1° de maio a partir desse ano em homenagem aos heróis de Chicago.
Em 1891, numa manifestação em Paris a polícia tenta dispersar a multidão e com isso ocorre a morte de dezenas de manifestantes. O que não freiou os atos dos operários nos anos seguintes.
Em 1919 o Senado francês assina lei que reduz a carga de trabalho para 8 horas diárias no dia 1° de maio e promulgando a data como "Dia do Trabalhador". Posteriormente os países foram adotando esta data como feriado nacional.
No Brasil a data é referencia desde 1895 quando em Santos ocorreu a primeira manifestação pela redução da jornada de trabalho.
Em 1925 o presidednte Artur Bernardes adota a data como feriado nacional.

Graças e esses grandes mártires podemos festejar essa data com as Centrais Sindicais nos maiores centros urbanos do mundo.
Festejar também que temos líderes trabalhistas no poder em grandes países como França, Italia, Polonia, Chile, Venezuela e Brasil.

quinta-feira, abril 27

Nem todo...

Fernando Cereja
Parando

nem todo vazio é nada
nem todo nada é zero
nem todo zero é número
nem todo número é dois
nem todo dois é par
nem todo par é chinelo
nem todo chinelo é chão
nem todo chão é terra
nem toda terra é mundo
nem todo mundo é branco
nem todo branco é papel
nem todo papel é livro
nem todo livro é história
nem toda história é passado
nem todo passado é pisado
nem todo pisado é caminho
nem todo caminho é pedra
nem toda pedra é parede
nem toda parede é fim
nem todo fim é vazio
nem todo vazio é nada


Antônio Saraiva
Vagabundo

nem todo conselho é bom
nem todo automóvel táxi
nem todo sopro é de sax
nem todo filet mignon
nem toda arte é um dom
nem todo voto é secreto
nem todo amigo é discreto
nem todo batuque é samba
nem toda casa é de bamba
nem todo malandro esperto


Vander Lee
Seção 32

Nem todo fim tem começo
Nem tudo que é bom tem seu preço
Nem tudo que tenho mereço
Nem tudo que brota é do chão

Nem todo rei tem seu trono
Nem todo cão tem seu dono
Nem tudo que dorme tem sono
Nem toda regra, exceção

Nem tudo que morre é de fome
Nem tudo que mata, se come
Nem tudo que é dor me consome
Nem toda poesia, refrão

Nem todo carro tem freio
Nem toda partilha é ao meio
Nem toda festa é rodeio
Nem tudo que roda é pião

Nem toda obra se prima
Nem tudo que é pobre se rima
Nem tudo que é nobre se esgrima
Nem tudo que sobra é lixão

Nem tudo que fito é o que vejo
Nem tudo bonito eu almejo
Nem tudo que excita é desejo
Nem todo desejo é tesão

Nem tudo que ganho é o que valho
Nem tudo que jogo é baralho
Nem tudo que cansa é trabalho
Nem tudo que se dança é baião, é baião

Nem todo amor é em vão
Nem toda crença, ilusão
Nem todo Deus, comunhão
Nem todo pecado, perdão

Nem tudo que se dança é baião
Nem tudo que sobra é lixão
Nem toda poesia é refrão
Nem tudo que se dança é baião


BOBO DA CORTE

Alceu Valença

Nem todo o beijo é roubado
Nem toda fruta é maçã
Nem todo réu é culpado
Nem toda culpa é cristã
Nem toda carta é marcada
Nem toda lente é ray-ban
Nem toda noite é noitada
Nem toda luz é manhã


Chico Doido de Caicó

Nem todo mundo é bom de cama
Já dizia Jesus Cristo
Nem todo homem é bom de pica
Já dizia Maria Bonita
Nem todo homem tem culhão
Já dizia Lampião
Nem todo mundo é bom de lingua
Já dizia Abraão Lincoln
E viva São Sebastião
No dia da esculhambação

quarta-feira, abril 26

Cleptocracia e o Rouba mas Faz

Após conceituar o significado da cleptocracia irei descrever o porquê ainda não considero nossa nação dessa forma.

Como disse anteriormente, a cleptocracia se define não só pelo governo corrupto, ou uso do poder para vantagem própria. É preciso que o povo aprove essa dinâmica de poder.

No Brasil, históricamente, o povo sempre lutou contra a corrupção e resistiu a condutas anti democráticas.

Desde que o Quarto Poder (Jornalismo) abriu os olhos para a corrupção do país a indignação e as manifestações públicas se fizeram presentes.

Em 1985, ainda na ditadura nossos jornalista já mostravam as fortunas adquiridas pelo General Figueiredo. Em 1991 o povo foi as ruas após o noticiário da má gestão do dinheiro público de Fernando Collor. Desde meados da década de 80 Paulo Maluf também não foi poupado pelos eleitores, tendo vencido apenas 1 (uma) eleição para prefeito em 1992 repudiando nas demais eleições o rouba mas faz.

Este ano teremos a prova de fogo do nosso povo que terá que escolher entre políticos afundados em denúncias, umas mais graves, outras menos graves.
Caso tenhamos a consagração de Lula, o maior escândalo no escopo da mídia, aí escreverei que vivo num país cleptocrata.
Na realidade estou na esperança de continuar a ter orgulho de ser brasileiro.

PS: Fui acusado anteriormente de ser um "Brasileiro da Gema" por um ufanista nacionalista.
Quero dizer que sou sim brasileiro, tenho orgulho de todas as características que nosso povo tem. Nosso povo não é ladrão, é malandro. Nosso povo não é burro, é ingênuo. Nosso povo não é mal educado, é mal instruído.

Vivemos pondo culpa nos outros porque música funk faz sucesso, a leitura mais popular é Bruna Surfistinha, que o melhor do país é o que já está aí. Mas acontece que este povo tem desnutrição, não tem instrução, nem remuneração e o pior com as famílias desagregadas. A rua é o nada e enquanto a rua for a escola teremos a mediocridade.
A rua pode ser uma grande escola, quando houver mestres diferenciando o bom do que é mau.

segunda-feira, abril 24

O drible contra a Morte (Parte IV)

Epílogo
Não era minha intenção falar de política neste tema de "driblar a morte", mas infelizmente escrevo assim, como as coisas me batem.
Talvez seja lembrado assim. Como diz um amigo meu: "Acho interessante seu jeito sincero e ingenuo de falar com a gente".
E é dessa forma que escrevo. É dessa forma que vivo. Talvez eu seja lembrado por isso. Talvez seja lembrado por ser utópico. Por ser nostálgico, como na criação desse site. Por ser um falso rebelde com causas verdadeiras. Talvez seja lembrado por ser psicólogo, ou filósofo, ou músico, ou chefe de seção, ou apenas um pai de família que tenta ser feliz.

Esse site é a prova de que existe reencarnação. É a reedição do jornal punk anarquista chamado "Cagatório Geral" no qual escrevia há 15 anos atrás, e como naquela época, não tem periodicidade certa, quando senta sai.
Ziraldo fez o mesmo quando reeditou o "Pasquim": o melhor jornal que tinha nas bancas.

Texto
Já refletido anteriormente sobre a escolha: "Uma Obra, ou um destino humano" em que na maioria das vezes as pessoas em falsa modéstia responde que gostaria de uma destino humano.
Acredito que há pessoas que optam por um destino humano verdadeiramente. Mas o que leva alguém a ser Homem Público?

Homens públicos são perseguidos pela posteridade, Uma Obra. Não há como fugir disso.
Um exemplo clássico é a vida de Itamar Franco. Itamar era o escolhido por Tancredo Neves para ser seu vice na chapa para presidente em 1985. Itamar trancou-se em sua casa por semanas, não atendeu telefonemas de seus partidários pois sentia medo, fugia do centro das atenções. Bom, com isso quem assumiu a presidência foi José Sarney.
Quatro anos depois o mesmo Itamar se aventura na chapa do partido nanico PRN como vice de Collor. Itamar resolveu participar para ganhar favores políticos no Planalto e não necessariamente em busca de poder. Mas eis que a sina lhe perseguiu e se sagrou presidente após o impeachment.

Há aqueles que perseguem a posteridade querendo deixar a marca de seus ideais:
Neste caso coloco o caso de Hitler que seguindo a causa de uma Alemanha Nacional Socialista voltado para seus cidadãos arianos, perpetrou a mais sangrenta das guerras. Marcou seus ideais até a morte.

Há aqueles que perseguem a posteridade por um falso ideal e sucumbem:
O caso de Lula. Perseguiu o imaginário popular de Salvador da Pátria. Seu partido vestiu a batina da ética política. Foi o maior crítico das políticas neo-liberais predadores capitaistas.
Quando após 25 anos de luta, trocam de roupa e vestem a batina do adversário. A posteridade de Lula será: Aquele que era para ser mas acabou sendo muito pior.

Há muitos casos de posteridade que eu poderia descrever aqui mas o que quero dizer é que as vezes as pessoas fantasiam frases para seus túmulos: Grande político, Herói Ariano, Salvador do Povo.

Existe um marca que fica independente de nosso desejo no mundo depois que partimos.

Será que Hitler esperava ser um nome odiado pelo mundo inteiro? Não. Com certeza ele espera acabar a guerra sendo aclamado.

Será que Itamar esperava ser o sustentáculo da democracia no Brasil após o impeachment? Não. Acredito que esperava ser eleito em 1994 como senador e assim continuar até hoje.

Será que Lula esperava transformar a política em algo tão indigesto e acabar com a confiança do povo nas instituições públicas? Com certeza não. Ele acreditava que ninguém vazaria nada e iria se perpetuar no poder por 8 anos sendo sucedido por Zé Dirceu por mais 8 anos.

Seguimos na ilusão de nossos sonhos muitas vezes sem perceber em quem nos transformamos. A idade, o trabalho, as exigências do cotidiano, as mudanças de papeis dentro da família e na sociedade. Talvez isso explique porque Itamar hoje é tão arrogante, porque Hitler se perdeu em sua loucura e porque o poder corrompeu Lula.

quarta-feira, abril 19

Ensaio sobre a Cleptocracia

Recebi um incentivo a escrever sobre um sistema de governo que não tinha grandes conhecimentos.
Não me fiz de logrado, e apesar da demora para a realização deste, serei como sempre incisivo e imparcial.
Começarei definindo o que é cleptocracia:

Segundo o Houaiss: é um regime político-social em que práticas corruptas, especialmente com o dinheiro público, são implicitamente admitidas ou mesmo consagradas.
A principío poderíamos dizer que estamos em um governo com essas características. Mas existem adendos que nos marcariam para o lado contrário.
Sei que serei taxado por iludido ou cego a alguns aspectos, mas acredito que há nós para desatar.

Em pesquisa na mídia impressa, todas as vezes que encontrei o termo o mesmo está atrelado a radicais de esquerda denominando os governos liberais de cleptocratas. Na verdade os textos são escritos por pessoas que gostam de escrever difícil para se mostrarem inteligentes, ou intectuais, ou tentar passar uma credibilidade.
Revistas venezuelanas (ataque a Chaves), portuguesas (ataque a Soares), americanas (ataque a Bush) e brasileiras (ataque a FHC) foram pesquisadas.
Acredito que a denominação do Houaiss ainda está muito vaga. Mas partindo dela podemos refletir que existem sim governos com esse sistema.

1° - Países em que houve Golpe de Estado: o antigo Haiti, o Iraque de ontem e hoje e outras republiquetas africanas
2° - Países totalitários não monárquicos (Ditaduras): Itália (Berlusconi), Rússia e Afeganistão. Aqui estou eximindo as monarquias Árabes.

Apesar da corrupção que vem sendo publicada em nossa imprensa, o país tem diminuído as características cleptocratas.

Como citei anteriormente encontrei citações apenas a FHC quanto ao tema. Mas quero deixar a constatação pratica desta afirmação:
Não há conhecimento do volume do roubo do Governo do PSDB porém conhecemos os escandalos que ocorreram. Toda a máquina do Estado naquela ocasião estava disposta a encobrir ou arquivar os casos de corrupção. Houve um manejo dos Três Poderes para que tudo corresse como o planejado. Todas as denúncias que nasciam no Ministério Público morriam no Supremo Tribunal sem investigações aprofundadas.

No governo atual, a máfia agia sem o acordo anterior, partindo de um forncedor de dinheiro lavado (Valérioduto). Desta forma a máfia não consegue movimentar grandes montantes e o governo não funciona cleptocraticamente uma vez que sofre tantos ataques que nem sabem se ele ainda funciona.
Outro ponto a considerar são os focos de desigualdade social. O governo atual, incompetentemente distribuiu mais renda para populações mais pobres do que o governo FHC com ações Sociais e políticas na área da Educação.

Concluindo: somando-se a todos os fatos descritos acima e juntando-se a nossa cultura do "jeitinho"/"malandragem", desconsidero que vivemos em um país cleptocrata. Temos Estados cleptocratas como os casos dos Estados dos Coronéis onde é conhecido o voto de cabresto e há a imposição de poder. Ia me esquecendo do presidente do Vasco (como é mesmo o nome dele?)

Entramos agora no ambito da Plutocracia: uma vez que vivemos num país de 114 milhões de pobres/miseráveis, 50 milhões de classe média que se deixam ser governados por 2 milhões de ricos.(Banco Mundial no JB de 18/06/2000)

Os partidos políticos de assalariados não conseguem espaço nem financiamento para os pleitos como os casos do (PSTU, PCO e PCB). Com as novas leis eleitorais só terão direito a tempo no horário político os partidos que tiverem 5% de representatividade ferindo gravemente a democracia.

Votamos cada vez mais nos representantes das classes abastadas e poucos são os representantes da classe operária que não se deixam corromper, e mesmo assim, sem poder de barganha política não conseguem aprovar projetos ou emendas.

sábado, abril 8

Jesus, um nordestino*

Eu penso que Jesus devia de nascer em Belém, na Paraíba.

Sim, em Belém, perto de Guarabira e vizinho de Pirpirituba. E se não bastasse a vizinhança a indicar a rima e o caminho, perto de Nova Cruz.

Era filho caçula de dona Maria, mulher dona de beleza e que germinava bondade nas pessoas.

Era menino moreno, muito esperto, embalado em rede de algodão cru. Tinha sandálias com currulepo entre os dedos e cajus, em dezembro, a matar a sede.

E seu pastor fora um vaqueiro nordestino, de gibão e perneira e guarda-peito, para livrar as suas carnes da Jurema.

Vieram adorar o Deus-Menino os santos reis entrelaçados de bom jeito: um negro, um índio e um branco português.


Seria fácil encontrar espinhos, para coroar a fronte de de Jesus, e um pau de arara em São José do egito para levá-lo, retirante, para São Paulo.
Um santo feito para as grandes secas!

Meu Deus, meu Deus, por que nos abandonaste, exclamaria enquanto repartia com o povo nu as suas vestes, multiplicadas como pães ou peixes.

Quando criança, o Jesus da Paraíba era carpinteiro como seu pai, fazendo caixões azúis para os anjos do lugar. E proezas num cavalo de pau. Sim, num cavalo de pau, pois seu jumento era muito magro e nem servia para carne de jabá.

Jesus era um menino desnutrido a fazer o bem, desnutrido como os outros da região, onde as coisas só vão na base do milagre ou da força parida da vontade.

Eu penso que Jesus devia de nascer em Belém, na Paraíba!

*Diógenes da Cunha Lima