Acéfalos: junho 2006

sexta-feira, junho 30

Eletricidade

A História do mundo mostrou que sem dúvida somos reféns da água.
Só existe vida, se houver água no planeta Terra.
Mas vivemos um dilema urbano:
Só existe vida se houver fonte de energia.
Isso mesmo! Sem energia (combustíveis ou elétricas) a "urbs" pára. Tudo é movido a energia.

E se acabasse a energia elétrica.
Como fariam os supermercados para estocar alimentos perecíveis?
E o lazer? Como assistir TV, rádio, ir ao cinema!!!
E as baladas? Como seriam sem iluminação e som???

Neste momento tenho inveja de nossos amigos do nordeste. Para eles bastam uma enxada, uma zabumba, um triangulo e uma pinga! A vida tá feita!
Também não é necessário ter eletricidade para ler um bom livro ou aprender artesanato.
Em compensação ninguém leria este site, pois sou mais um refém da eletricidade!

Como já dizia Marcelo Yuka:

Faltou luz mas era dia, o sol invadiu a sala
Fez da TV um espelho refletindo o que a gente esquecia

Faltou luz mas era dia.
Faltou luz mas era dia

O som das crianças brincando nas ruas
Como se fosse um quintal
A cerveja gelada na esquina
Como se espantasse o mal

O chá pra curar esta azia
Um bom chá pra curar esta azia
Todas as ciências de baixa tecnologia
Todas as cores escondidas nas nuvens da rotina

terça-feira, junho 27

Dadaísmo, Surrealismo e Anarquia

Há alguns anos atrás explodiu um hit nas rádios o qual considero um ícone moderno do Dadaísmo: Florentina de Jesus do Tiririca.
É claro que estamos falando de um palhaço que gravou um CD e que fez sucesso com o esdrúchulo. Mas tanto o personagem como a música são expressões anarquistas, mesmo sem ele saber.



Seu personagem é marcado por contar histórias de improviso saído de sua mente naquele exato momento, sem filtros morais e tratando de assuntos diversos, as vezes bizarros (como uma cena de amor em que ele jogava um tijolo em sua amada como prova do seu amor).
Cenas como essa, sem sentido claro são vistos nos filmes surrealistas e na literatura.

Dadaímo: Nasceu antes do Manifesto Surrealista, ou seja, se organizaram um pouco antes apesar das idéias já serem discutidas.
O Dadaísmo é caracterizado pela oposição por qualquer tipo de equilíbrio, pela combinação de pessimismo irônico e ingenuidade radical, pelo ceticismo absoluto e improvisação. Enfatizou o ilógico e o absurdo. Ícones desse movimento: Tristan Tzara, Marcel Duchamp, Guillaume Apollinaire, Hugo Ball.
No Brasil os simpatizantes usaram o próprio nome, que diz, Dadaísmo é o retorno a ingenuídade sendo "Dada" a linguagem dos bebês. Os textos dadaístas são claros, objetivos e foram uma escola importante no início do século XX contrapondo os parnasianos com textos rebuscados se colocando acima dos demais artistas.

Marcel Duchamp realizou uma das obras simbolo do movimento e que hoje tem grande importancia cultural: O Urinol. Marcel levou um urinol de louça a categoria de arte utilizando o objeto para descrever uma forma estética que achava interessante. Em 1993 um homem urinou na peça, em 2003 moralistas tentaram quebrá-la e em 2006 um homem atacou a peça com um martelo.




Pode não ser uma grande obra de arte, mas acredito que mexe com o inconsciente de alguma forma.

O dadaímo e o surrealismo se cruzam no Anarquismo pelo caráter individualista e libertário. Lembrando que nenhuma dessas expressões artísticas exaltam a agressividade, nem a belicidade. Apontam apenas para um conhecimento humano maior e o aproveitamento do mundo pelo indivíduo e do indivíduo pelo mundo.
A linguagem universal dessas obras é outro ponto a se considerar, levando ao patamar de arte mundial e não somente ocidental.

A confluência simbólica das obras remetem a uma intimidade ora perturbadora, ora reconhecida e seu respeito pela pluralidade e sua democratização a faz arte de todos, assim como a Anarquia é um sistema de governo de todos.

terça-feira, junho 20

Surrealismo na Idade Moderna


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As pessoas que conhecem o Surrealismo tiveram contato através das expressões artísticas de Salvador Dalí nas artes plásticas e Luis Buñuel no cinema.

A impressão à primeira vista é que essas expressões não fazem sentido, ou parecem fora de qualquer contexto, o que causa muitas vezes um estranhamento (que é até natural).

Como nossa sociedade não incentiva a pluralidade da arte, ocorre uma desinformação a respeito desta escola filosófica-científica.

O Surrealismo além de expressões artísticas anticonvencionais também é uma escola ideológica que prega a libertação total do Homem pela linguagem mais espontanea e arcaica de sua natureza. Segundo Breton "o surrealismo é revolucionário porque é uma volta ao princípio do princípio."

Ainda Breton ao definí-lo: "SURREALISMO, s.m. Automatismo psíquico puro pelo qual se propõe exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de todo controle exercido pela razão, fora de toda preocupação estética ou moral. "

Com isso vejo que o impacto do surrealismo no cotidiano seria um ser humano livre das amarras da moral conservadora impulsionando o indivíduo a SER conforme sua NATUREZA. O ser humano aqui é descrito como naturalmente bom, e que, por intempéries ambientais se adapta e se protege criando couraças que o transformam em um reles SER SOCIAL e ANTINATURAL.

A livre expressão dos pensamentos não é algo muito fora de nossa realidade presente. Sem percebermos cada vez mais nos transformamos em seres individuais e não sociais. Esse movimento tem características boas e ruins.

A coincidência com o surrealismo está nas letras de músicas e na poesia moderna. As pessoas estão ditando as roupas que vestem, diferentemente do padrão estabelido para a massa. A pluralidade cada vez maior de revistas e jornais cada um com vertentes cada vez mais particulares. A tecnologia gerando um quadro de expressão particular seja via websites, blogs, chats ou foruns.

Com a ressalva de que em alguns momentos tendências "tribais" se complementam no gosto particular, seja um playboy, seja um malandro ou um intelectual.

Até mesmo os meios de produção para a MASSA vem abandonando o conceito de produtos iguais para todos e estão criando formas de personalizar o bem de consumo (celulares, roupas, perfumes, escova de dentes, etc). Isso ocorre porque os novos tempos possuem novas necessidades que são cada vez mais próximas da defendida pela corrente surrealista.

Escrevi anteriormente sobre Freud e sua teoria que gerou o "faça o que tu queres pois é tudo da lei". Pois esse autor foi uma das referências dos entusiastas do surrealismo. O estudo do inconsciente como forma genuína da natureza humana incentivou tanto os apóstolos de Breton, como toda uma escola de filósofos (Escola de Frankfurt) e todos eles proporam um rompimento da ordem social positivista (organizar para evoluir) e kantiana (sobre o estudo da razão cognitiva) e passaram a adotar uma postura de Razão Apaixonada e ligada ao Princípio do Prazer Freudiano - o inconsciente.

Nietzsche, apesar de pouco citado pelos surrealista por seu niilismo, coincide com algumas posições dos seus membros:
1- De que o Homem tem que agir conforme sua natureza, e não por convenções.
2- De que o Homem tem que resgatar sua veia Dionisíaca, que leva ao mundo da realização dos desejos, de que tudo é possível, que o "fantástico" pode ser alcançado pelos mortais. Negando dessa forma Deus como mentor do destino de cada um na humanidade.
3- De que os membros do surrealismo partiram para uma luta em que eles eram martelos batendo firmemente na moral dos bons costumes e mostrando a real face do animal Homem.

O surrealismo está presente inclusive na violência urbana, nas festas rave, na internet, no ambiente de trabalho (em transformação), no cinema, na TV, em nossa casa, em nossos relacionamentos humanos.

Nos relacionamentos humano vemos a independencia do juntar-se, o próprio prazer é mais importante (quanto mais prazer sentimos, mais prazer damos). Na labilidade da afetividade, ora gosto, ora apaixono, ora odeio, tudo isso sem recatar-se para que tudo mantenha-se no seu lugar.

E por fim o velho jargão: No mundo moderno, a única certeza que temos é que tudo muda.
O surrealismo na modernidade, mesmo sem a ciência das pessoas, fazem a sociedade agir como um mar agitado.

quarta-feira, junho 14

Uma Luz Sobre os Direitos Humanos

A cada dia percebo que mais e mais as pessoas criticam a Declaração dos Direitos do Homem.
Mas ao mesmo tempo, essas pessoas sabem qual seu conteúdo?
Mesmo escrevendo um pouco sobre isso agora tenho a impressão que o preconceito criado por este Documento impessa a reflexão e a ponderação sobre os Direitos Humanos.

Após a 2° Guerra Mundial, os países pertencentes a ONU criaram a Carta Internacional dos Direitos do Homem. Para que barbáries como as impetradas pelos nazistas não ocorram novamente e que as pessoas não fossem impedidas de se filiar em grupos políticos de minoria e presos políticos não fossem torturados para entregar colegas.

Data da criação: 10/12/1948

Deixarei de lado a parte de igualdade e liberdade individuais e irei direto ao assunto.

A Declaração divide-se em duas partes:

1° Parte: Os artigos de Direitos Civis e Políticos.

Proibição da escravatura e servidão; proibição da tortura e de penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes; o direito a uma protecção judicial eficaz; proibição da prisão, detenção ou exílio arbitrários; o direito a um julgamento equitativo e à audição pública por um tribunal independente e imparcial; o direito à presunção de inocência até que a culpabilidade seja provada; a proibição de intromissões arbitrárias na vida privada, na família, no domicílio ou na correspondência; liberdade de circulação e de residência; o direito a ter uma nacionalidade; o direito à propriedade; o direito de pensamento, de consciência e de religião; liberdade de opinião de expressão, o direito de reunião e associação pacíficas; o direito de tomar parte na direção dos negócios públicos do seu país e de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.

O artigo 5° é o artigo que normalmente causa intervenções de integrantes dos Direitos Humanos nos presídios.


2° Parte: Os artigos de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

Direitos como indispensáveis à dignidade humana e ao desenvolvimento livre da personalidade e menciona que devem ser realizados graças ao esforço nacional e à cooperação internacional.
Entre eles estão:

Artigo 22° é o que o governo não nos assiste e ninguém dos Direitos Humanos interage conosco.
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país.

A crítica de que não há direitos humanos para humanos direitos tem que ser mais embasada e não simplesmente dizer que os bandidos não podem ter direitos humanos. Se todos os seres são iguais perante a Declaração discutida temos que promover com que eu, você, o vizinho, sejam assistidos pelos ítens acima apresentados.

quinta-feira, junho 8

M L ST

As siglas se confundem entre os rebeldes da nação.

Os polidos intelectuais descrevem as atitudes dos bárbaros miserávies de terroristas.

O terror que acomete os bárbaros todos os dias, um dia invade o mundo desinfecto e cristalino dos abastados.

Exclamações de horror, desaprovação, surpresa e indignação são ouvidos após um ohhh!
A pobreza, culpa de séculos de gestão oligárquica, sempre virá acompanhada da ignorancia, da rudeza, da urgência. Essas características foram sublimadas pelos tão civilizados 5% da nação e assistem estupefatos ao outro Brasil.

Mas quando a maioria aparece, ocorre o choque. E Jim Morrison canta:

"Os velhos envelhecem
E os jovens se fortalecem
Pode levar uma semana
E pode levar mais tempo
Eles têm as armas
Mas nós somos a maioria
Vamos vencer, sim
Estamos dominando
Vamos!"

A mídia fala que estas pessoas feriram a democracia.

Alguém contou para aquela massa o que é democracia?

Partimos do pressuposto que todos sabem o que é um sistema de governo. Mas uma coisa é certa:
Aquelas pessoas não sabem o que é democracia, e nunca participaram da tal democracia.

Os cidadãos há muito tempo falam:" Ah, se eu tivesse coragem jogava uma bomba no congresso e matava aquela corja toda!"

Agora quando algo do tipo acontece: Ohhh! que barbárie, coitado do Congresso!"
O que aconteceu foi uma identificação do ocorrido com suas propriedades privadas. O pensamento é: "Se deixam atacar de forma tão violenta um lugar tão protegido, que dirá minha casa."

E os cidadãos em sua postura passivo agressiva fala para si mesmo:"A polícia devia matar esses baderneiros". Atitude tão desmedida quanto a dos miseráveis no congresso.

Conclusão:
Cidadão: habitante de um estado livre, com direitos civis e políticos.
Democracia: sistema político fundamentado no princípio de que a autoridade emana do povo (conjunto de cidadãos) e é exercida por ele ao investir o poder soberano através de eleições periódicas livres, e no princípio da distribuição equitativa do poder.

As pessoas que atacaram o congresso nem são cidadãs, e nosso país nem é democrático.

Elas não foram até o congresso para depredar. Mas a truculência da sociedade assustada com a pobreza fez com que a massa agisse por instinto.