Acéfalos: setembro 2009

quarta-feira, setembro 30

Papel Político vs Papel da Imprensa

Vem se falando muito sobre a "perseguição política" que a imprensa vem infringindo ao governo e aos partidos políticos.

Interessante ressaltar que o papel da imprensa seria de informar, e o que vemos é a imprensa adotando papéis que não são seus, como de fiscalizar e julgar os Poderes.

As coisas ficam ainda mais complicadas se levarmos em consideração que muitos políticos possuem concessão de rádio ou de televisão, além de jornais e revistas, etc.
TUDO PARECE PERDER O SENTIDO.

E a Imprensa fica ainda mais perdida quando vemos que ela se interpõe ao Estado para que esse faça o seu papel. Neste momento a Imprensa passa a pressionar o Estado a favor de 1 (um) indivíduo em detrimento de um coletivo de pessoas que sofrem da mesma mazela (Como no caso de soterramentos: Uma emissora pede providências em um morro e o Governo pressionado realiza a melhoria, mas e os outros morros...)

A Imprensa passa a fazer um papel anti-democrático e egoísta pois o que se torna importante é a imagem da emissora como "defensora" do povo e o Ibope que renderá bônus dos patrocinadores.

Enfim. Polêmica está instaurada. Pois se o Estado não cumpre seu papel, a Imprensa, ONGs e traficantes o ocupam...

sábado, setembro 26

Assembléia Geral da Onu 2009

23 de setembro de 2009, um dia de muitas emoções na Assembléia Geral da ONU.

Fiz um resumão com algumas considerações do que achei relevante. Foi muito difícil escrever pois A imprensa não noticia os discursos, somente a crítica e colocam uma frase ou outra solta para provarem suas teses.
A cobertura foi tão antidemocrática quanto foi o próprio evento.

Obama é só falácia na ONU

Falar sobre uma "nova era de engajamento" em torno de "quatro pilares": desarmamento nuclear, paz e segurança, meio ambiente e economia global é pura conversa para boi dormir. Quais foram as ações que ele fez até agora nesse sentido?

As ocupações militares continuam espalhando o terror no Afeganistão e no Iraque, não conseguiu aprovar leis de segurança à economia em seu próprio país que dirá no mundo, EUA continua sendo o país que mais polui o planeta e não há política de redução de emissão de CO2.

Brasil
Assertividade política.


Enquanto Árabes e Judeus discutem sobre a existência ou não do Holocausto, Lula age de maneira imparcial foca nos resultados comerciais e políticos do Brasil, além de mostrar um plano de redução de desmatamento das nossas florestas.

Firmou ainda mais aliança com o Irã e apoiou o Programa de Energia Nuclear iraniano. Até porque a forma que a OTAN tratar a questão com o Irã, irá repercutir em nosso Programa Tupiniquim Nuclear...
Continuou diálogo com Obama.
E o mais impressionante, conseguiu que Sarcozy discursasse a favor do Brasil entrar no Conselho de Segurança da ONU.

Lula por sua vez quando questionado pelos jornalistas disse: "Eu acredito que ocorreu o Holocausto, ele (Ahmadinejad) tem a opinião dele e eu a minha."

Muamar Kadafi

A imprensa ficou mais preocupada se o intérprete ficou à beira de um ataque nervos do que noticiar o que saber que mensagem o representante máximo de um país estava tentando passar.

Em suma:

Kadafi colocou em xeque definitivamente a ocupação no Afeganistão:
"Quem disse que os talibãs são inimigos? Osama Bin Laden é talibã? Não. Os que atacaram (no 11 de Setembro) o World Trade Center, em Nova York, eram talibãs? Eram afegãos? Não".

Falou sobre a liberdade de expressão religiosa:
"Se os talibãs querem criar um Estado religioso como o Vaticano, está bem. Por acaso o Vaticano constitui um perigo para nós? Não. Se os talibãs desejam criar um emirado islâmico não quer dizer que sejam inimigos"

Colocou em xeque o papel da ONU na manutenção de paz:65 guerras ocorreram desde a criação da organização, em 1945. Isso provaria, segundo ele, que os princípios que nortearam sua fundação foram traídos.

"O veto contraria a Carta da ONU. A existência de membros permanentes é contrária à Carta".

"Estes países fazem a guerra e desfrutam do poder de veto. Começaram guerras que causaram milhares de mortes".

Bastou Ahmadinejad falar a verdade:

De que o Israel está praticando políticas desumanas, crimes de guerra e racismo contra a Palestina, que todos saíram da conferência.

"O despertar de nações e a expansão da liberdade no mundo não mais permitirão que eles continuem com suas atitudes hipócritas e odiosas".

"Como alguém pode imaginar que as políticas desumanas na Palestina possam continuar?", questionou.

"Como podem crimes dos ocupantes contra mulheres e crianças indefesas e a destruição de suas casas, plantações, hospitais e escolas serem apoiados incondicionalmente por certos governos?"

"Não é mais aceitável que uma pequena minoria possa dominar a política, a economia e a cultura em grande parte do mundo, com suas complicadas redes, e estabelecer uma nova forma de escravidão, ferir a reputação de outras nações, mesmo nações europeias e os Estados Unidos, para manter suas ambições racistas", disse.

Ninguém se comoveu. E saíram da sala os que tinham estômagos mais fracos...

Será que eles não conseguem ouvir a verdade e se sentem responsáveis por milhões de mortos em suas guerras?

Por traz da dureza dos dircursos árabes, há um pedido de paz e igualdade entre os povos...

sexta-feira, setembro 25

Filme: Bianca de Nanni Moretti (Itália, 1983)

Resumo:

Michele não é apenas um celibatário, é verdadeiramente um homem só. Cheio de manias e fobias, fetichismos e obsessões, tem como passatempo prezar para que seus poucos amigos continuem casados e felizes, além de observar a vida cotidiana de seus vizinhos.

É o novo professor de matemática de uma escola privada e elitária, a "Marilyn Monroe", onde tudo - corpo docente, posteres, e os Jukeboxes instalados um em cada sala - são grotescos e paradoxais. Constantemente se vê alterado e com raiva quando percebe que sua turma pouco pode abstrair de um teorema.

Neste universo de insegurança e incerteza, se vê apaixonado por sua colega Bianca, mas não se arrisca a manter uma relação com ela. Enquanto isto, Michele se vê envolvido em uma série de estranhos homicídios seu apartamento e seus amigos.

Trecho final em que Michele confessa seus crimes ao comissário, e expõe seus pensamentos sobre as pessoas e os sapatos.

- E quando vi seus sapatos, eu sabia tudo sobre seu dono. É um homem que sofreu, que tem apenas um par de sapatos de uma vez, que gradualmente se desgastam, se gasta, perdem a sua cor.

Quando olhei para o seu calçado, pensei: agora eu posso dizer imediatamente...

- O quê? (Inspetor)

- O que eu sou o que ele procura, que fui eu.

- Mas por que? ... eram seus amigos, o que eles fizeram?

- Eu estava decepcionado. Amigos te decepcionam, as pessoas comuns não.

Eu gosto de casais felizes, eu vou ajudá-los a seguir no caminho certo, dou conselhos, mas não quando eles fazem erros tão estúpidos.

Eles começam a dizer mentiras, se separam, e em seguida, voltam a estar juntos. mas aí é tarde demais.

Porque agora eles estão feridos e, em seguida, não querem ver o que é ruim.

Numa primeira vez se é mais fácil de julgar, como com os sapatos: não foram apenas alguns modelos, muito típicos, eles eram um tipo de calçado e nada mais.
Mas agora tudo é mais confuso, o estilo está entrelaçado com o outro, as coisas estão mais claras

- Não, desculpe, nós estávamos falando de seus amigos ... (inspetor)

- Sim, amigos não podem se comportar assim, porque eu me tornei amigo desde o primeiro encontro. Eu decido amar, eu escolho, e quando eu escolho é para sempre.

- Você tem filhos?
- Sim, dois (inspetor)
- Dois? ... É triste morrer sem filhos

O filme todo contém textos fantásticos e cenas perturbadoras e engraçadas. Bem típico desse cineasta que já fez Caro Diário e o Quarto do Filho.

Tem tanta sensibilidade no decorrer da trama que você é trtansportado para dentro do filme.

... Infelizmente não há cópia brasileira deste clássico do cinema ...

quinta-feira, setembro 17

O Drible Contra a Morte Parte VIII (Reedição)

Todos nossos movimentos convergem na questão do poder.

Nos relacionamentos afetivos, de amizade, a postura profissional. Em todos os cenários da vida, o ser humano demonstra que quer ter algum poder sobre o Outro.

E se o assunto é poder, haverão sempre aqueles que nasceram para obedecer e os que nasceram para mandar.

Na Índia esse conceito é mais organizado do que no Ocidente: a sociedade é distribuída em castas em que, quem nasce em uma casta baixa não verá mudança na classe social de sua família. Apesar de hoje já existir alguma mobilidade social, por habito, as pessoas continuam a agir dessa maneira, inclusive os que estão embaixo, pois aceitam esse destino.

Há pessoas que exercem o poder por subterfúgios. Quebram regras da sociedade ou do trabalho para mostrarem que podem ou simplesmente contarem vantagem. Puxam o tapete do amigo para conseguir o que quer sem que o mesmo perceba. Na psicologia é chamado de "postura passivo-agressiva.

É duro ver também as pessoas dizendo que querem ser donas de seus destinos mas pedem para o Governo fazer seu trabalho, pedem para o cunhado, para mãe...
As pessoas querem a independência sem conquistá-la, sem passar por provação nenhuma, sentados em seus sofás assistindo televisão, reclamando que a culpa é de todo mundo, menos SUA, menos sua...

Eu não sou igual a vocês.
Cruzei a ponte, e prefiro a fome e o frio a voltar à escravidão.
Não sou egoísta, sou fraterno. Não estou preso à convenções, sou livre.
Tenho a coragem de ir à luta, mesmo que seja morrendo de medo.
Aceito ajuda, sim. Ninguém é uma ilha. E da mesma forma que somos explorados, também temos o dever de explorar.
Se não fosse assim, não reconheceria a diferênça do Outro, nem minhas fraquezas e nem as mais nobres qualidades.

Max Steiner sobre além do homem

Nascido em 1806 e falecido em 1856 produziu a vanguarda do pensamento pós moderno (Hegel, Merleau-Ponty e Lacan, ...) e a negação de Deus nas ações do Homem idéia muito similar foi e mais complexa foi escrita por Nietzsche anos depois.

Segue texto sobre um "além do homem" por Stirner:
"No início da Idade Moderna está o "homem-deus". Em sua fase final desaparecerá somente o deus do homem-deus? E pode o homem-deus morrer realmente se apenas morrer o deus nele? Não se pensou nessa questão, e julgou-se que um processo tinha chegado ao fim quando a obra das Luzes, a superação de Deus, foi levada a uma vitória final em nossos dias. Não se reparou que o homem tinha matado o deus para se tornar 'o único deus nas alturas'. O além fora de nós, aliás, foi varrido, e com isso se consumou a grande tarefa das Luzes. Mas o além em nós se tornou um novo céu e apela para nós no sentido de novo assalto aos céus: o deus teve de dar lugar, não a nós, mas... ao homem. Como podeis vós crer que o homem-deus morreu se não morreu ainda nele, para além do deus, também o homem?"

* Idéia coletada na Comunidade Nietzsche Brasil no Orkut

segunda-feira, setembro 14

Aristocracia Nietzschiana e o Brasil - Parte 1

Nietzsche acredita na hierarquização da sociedade, dividida entre os que possuem a benção do mandatário e a massa que o obedece.

Essa teoria é diametralmente contrária a que Marx produziu na evolução da sociedade igualitária e sem o patronado.

Com esse problema instalado, onde posso chegar observando nossa sociedade:

Um estudioso de Nietzsche me disse que no Brasil, São Paulo é a concretização da mediocridade social, em que prevalece o povo miscigenado e perdido em sua origem cultural natal. E ainda disse que têm potencialidade apenas para ser uma enorme máquina que mediocriza homens e nunca será o tipo de cultura mista que eleva os homens em filosofia, arte e ciência.

Esse é um pensamento que macro, que não leva em consideração um gama de fatores:

1. No Brasil todo há inúmeros polos de desenvolvimento e polos de centralização de poder. Neles sempre existirão os "notáveis' e a massa que o segue. A experiência política é o exemplo mais classico;

2. No Estado de São Paulo, é uma das excessões do 1° fator. Isso porque a política não é tão atrativa para os grandes notáveis na metrópole e do rico interior. Há a predominancia dos grandes empresários em que se fazem notáveis pelas tomadas de decisões acertadas para os acionistas e estratégias de manter o mercado capitalista aquecido;

3. O sincretismo destas polaridades normalmente está descrito na cultura que o local produz.No caso de São Paulo a manifestação é meio esquizofrência, sobrando apenas o samba de batuque e o Rap paulista. Nos outros Estados, as manifestações estão mais pautadas em ritos tradicionalistas e ritmos das colônias européias, africanas ou asiáticas.

Não acho que a experiência de São Paulo seja nem mais adequada ao pensamento Nietzschiano, nem menos adequada. O problema é que o referencial que se faz é sempre da própria experiência.

Epílogo da Parte 2: Darcy Ribeiro e Nietzsche

segunda-feira, setembro 7

Romeu & Julieta

Philip Leck cansado da guerra. Em tempos de:


Assim que o amor entrou no meio, o meio virou amor

O fogo se derreteu, o gelo se incendiou

E a brisa que era um tufão

Depois que o mar derramou, depois que a casa caiu

O vento da paz soprou

Clareou, refletiu, se cansou do ódio e viu que o sonho é real

(Marcelo Camelo)

quarta-feira, setembro 2

As coisas não têm explicação; têm existência” (Fernando Pessoa)

Ou seja o que está feito, está feito!

Não há porque remoer o acontecido. Devemos nos focar em resolver o problema instalado.