Acéfalos: Surrealismo na Idade Moderna

terça-feira, junho 20

Surrealismo na Idade Moderna


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As pessoas que conhecem o Surrealismo tiveram contato através das expressões artísticas de Salvador Dalí nas artes plásticas e Luis Buñuel no cinema.

A impressão à primeira vista é que essas expressões não fazem sentido, ou parecem fora de qualquer contexto, o que causa muitas vezes um estranhamento (que é até natural).

Como nossa sociedade não incentiva a pluralidade da arte, ocorre uma desinformação a respeito desta escola filosófica-científica.

O Surrealismo além de expressões artísticas anticonvencionais também é uma escola ideológica que prega a libertação total do Homem pela linguagem mais espontanea e arcaica de sua natureza. Segundo Breton "o surrealismo é revolucionário porque é uma volta ao princípio do princípio."

Ainda Breton ao definí-lo: "SURREALISMO, s.m. Automatismo psíquico puro pelo qual se propõe exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de todo controle exercido pela razão, fora de toda preocupação estética ou moral. "

Com isso vejo que o impacto do surrealismo no cotidiano seria um ser humano livre das amarras da moral conservadora impulsionando o indivíduo a SER conforme sua NATUREZA. O ser humano aqui é descrito como naturalmente bom, e que, por intempéries ambientais se adapta e se protege criando couraças que o transformam em um reles SER SOCIAL e ANTINATURAL.

A livre expressão dos pensamentos não é algo muito fora de nossa realidade presente. Sem percebermos cada vez mais nos transformamos em seres individuais e não sociais. Esse movimento tem características boas e ruins.

A coincidência com o surrealismo está nas letras de músicas e na poesia moderna. As pessoas estão ditando as roupas que vestem, diferentemente do padrão estabelido para a massa. A pluralidade cada vez maior de revistas e jornais cada um com vertentes cada vez mais particulares. A tecnologia gerando um quadro de expressão particular seja via websites, blogs, chats ou foruns.

Com a ressalva de que em alguns momentos tendências "tribais" se complementam no gosto particular, seja um playboy, seja um malandro ou um intelectual.

Até mesmo os meios de produção para a MASSA vem abandonando o conceito de produtos iguais para todos e estão criando formas de personalizar o bem de consumo (celulares, roupas, perfumes, escova de dentes, etc). Isso ocorre porque os novos tempos possuem novas necessidades que são cada vez mais próximas da defendida pela corrente surrealista.

Escrevi anteriormente sobre Freud e sua teoria que gerou o "faça o que tu queres pois é tudo da lei". Pois esse autor foi uma das referências dos entusiastas do surrealismo. O estudo do inconsciente como forma genuína da natureza humana incentivou tanto os apóstolos de Breton, como toda uma escola de filósofos (Escola de Frankfurt) e todos eles proporam um rompimento da ordem social positivista (organizar para evoluir) e kantiana (sobre o estudo da razão cognitiva) e passaram a adotar uma postura de Razão Apaixonada e ligada ao Princípio do Prazer Freudiano - o inconsciente.

Nietzsche, apesar de pouco citado pelos surrealista por seu niilismo, coincide com algumas posições dos seus membros:
1- De que o Homem tem que agir conforme sua natureza, e não por convenções.
2- De que o Homem tem que resgatar sua veia Dionisíaca, que leva ao mundo da realização dos desejos, de que tudo é possível, que o "fantástico" pode ser alcançado pelos mortais. Negando dessa forma Deus como mentor do destino de cada um na humanidade.
3- De que os membros do surrealismo partiram para uma luta em que eles eram martelos batendo firmemente na moral dos bons costumes e mostrando a real face do animal Homem.

O surrealismo está presente inclusive na violência urbana, nas festas rave, na internet, no ambiente de trabalho (em transformação), no cinema, na TV, em nossa casa, em nossos relacionamentos humanos.

Nos relacionamentos humano vemos a independencia do juntar-se, o próprio prazer é mais importante (quanto mais prazer sentimos, mais prazer damos). Na labilidade da afetividade, ora gosto, ora apaixono, ora odeio, tudo isso sem recatar-se para que tudo mantenha-se no seu lugar.

E por fim o velho jargão: No mundo moderno, a única certeza que temos é que tudo muda.
O surrealismo na modernidade, mesmo sem a ciência das pessoas, fazem a sociedade agir como um mar agitado.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

gostei do texto, não achei comprido, mas achei realmente meio cientifico.
Beijo nas crianças...

6:56 AM  

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