O drible contra a Morte (Parte X)
Um relato pessoal
O medo é um sentimento que todo animal possui, e é claro que faz parte da natureza humana. Da existência do medo provém a coragem e o planejamento da ação. Não há quem nunca sentiu medo. Há aqueles que o reprimem e num momento de perigo intenso acabam por mijar em suas calças. Há aqueles que vivem com medo e preferem se privar da vida.
Acredito que nunca cheguei a nenhum dos dois extremos.
Me lembro que tinha muito medo quando criança. O principal deles era de que ninguém gostasse de mim. Outros medos também existiam, como de apanhar, apesar disso nunca ter acontecido.
Com o passar dos anos, todo esse medo desapareceu, ficou apenas latente o medo de insetos e de quedas bruscas (como em parques de diversão), apesar de sempre enfrentá-los. Passei toda adolescencia com a sensação de invencibilidade e achava que poderia suportar qualquer tipo de sofrimento. Isso durou até pouco tempo.
Engraçado como a percepção da vida e do mundo pode mudar tão rápido. Após um desmaio, fiquei pensando na fragilidade de meu corpo, na possibilidade de desmaiar e nunca mais voltar. Morrer.
Pensei em tudo que construí durante os anos, as músicas que compus, os amigos que fiz, a família que formei. Pensei como seria perder tudo isso. E como seria envelhecer e morrer. Tudo isso causou um grande frio na barriga e senti medo novamente.
Por uma certa ótica, pode parecer meio pedante tudo isso. Mas eu nunca liguei muito para essa coisa de longevidade. Sempre fui o tipo "cavaleiro solitário". Sempre negando ajuda dos outros, mostrando independência e até uma certa insensibilidade. Após minha última experiência de desmaio não estou mais certo de nada disso.
Fiquei mais sensível à imagens fortes como as de acidentes de carro. Quando as vejo, passa um filme em minha mente, como se eu estivesse no veículo, e imagino como seria a dor do impacto, como seria agonizar sem ajuda de ninguém até morrer e ver o sangue jorrando, sofrer ao ver as pessoas que estariam no carro também agonizando e sangrando. Algumas vezes informam que a morte foi na hora, mas quem garante. E o pensamento que vem em mente é que não quero morrer de morte violenta.
Porém quando penso na morte lenta da velhice e da doença nada melhora. Imagino a dor crônica do cancer, a falta de energia e cansaço da insuficiência cardíaca, a paralisia de um derrame, etc...
Me sinto humano demais, falho demais, desejando que o tempo não passe, tendo apenas como porto seguro aqueles que chamo de minha família, e novos medos vão aparecendo: medo da doença, do holocauto, da perda dos meus entes...
Mas a vida é assim: para continuarmos em frente devemos driblar a morte uma vez atrás da outra.
E sei também que a vida não pode ser feita apenas de felicidade. A vida é desafio e sofrimento também. Sofremos para vir ao mundo, sofremos para crescer, para amadurecer e também para findarmos nossa biografia nessa existência.
Será que existe outra vida? Está aí uma coisa que eu não perco tempo para refletir. Como todos leram acima, já tenho me preocupado muito com um futuro que nem sei se vai acontecer, que dirá o além vida...
O medo é um sentimento que todo animal possui, e é claro que faz parte da natureza humana. Da existência do medo provém a coragem e o planejamento da ação. Não há quem nunca sentiu medo. Há aqueles que o reprimem e num momento de perigo intenso acabam por mijar em suas calças. Há aqueles que vivem com medo e preferem se privar da vida.
Acredito que nunca cheguei a nenhum dos dois extremos.
Me lembro que tinha muito medo quando criança. O principal deles era de que ninguém gostasse de mim. Outros medos também existiam, como de apanhar, apesar disso nunca ter acontecido.
Com o passar dos anos, todo esse medo desapareceu, ficou apenas latente o medo de insetos e de quedas bruscas (como em parques de diversão), apesar de sempre enfrentá-los. Passei toda adolescencia com a sensação de invencibilidade e achava que poderia suportar qualquer tipo de sofrimento. Isso durou até pouco tempo.
Engraçado como a percepção da vida e do mundo pode mudar tão rápido. Após um desmaio, fiquei pensando na fragilidade de meu corpo, na possibilidade de desmaiar e nunca mais voltar. Morrer.
Pensei em tudo que construí durante os anos, as músicas que compus, os amigos que fiz, a família que formei. Pensei como seria perder tudo isso. E como seria envelhecer e morrer. Tudo isso causou um grande frio na barriga e senti medo novamente.
Por uma certa ótica, pode parecer meio pedante tudo isso. Mas eu nunca liguei muito para essa coisa de longevidade. Sempre fui o tipo "cavaleiro solitário". Sempre negando ajuda dos outros, mostrando independência e até uma certa insensibilidade. Após minha última experiência de desmaio não estou mais certo de nada disso.
Fiquei mais sensível à imagens fortes como as de acidentes de carro. Quando as vejo, passa um filme em minha mente, como se eu estivesse no veículo, e imagino como seria a dor do impacto, como seria agonizar sem ajuda de ninguém até morrer e ver o sangue jorrando, sofrer ao ver as pessoas que estariam no carro também agonizando e sangrando. Algumas vezes informam que a morte foi na hora, mas quem garante. E o pensamento que vem em mente é que não quero morrer de morte violenta.
Porém quando penso na morte lenta da velhice e da doença nada melhora. Imagino a dor crônica do cancer, a falta de energia e cansaço da insuficiência cardíaca, a paralisia de um derrame, etc...
Me sinto humano demais, falho demais, desejando que o tempo não passe, tendo apenas como porto seguro aqueles que chamo de minha família, e novos medos vão aparecendo: medo da doença, do holocauto, da perda dos meus entes...
Mas a vida é assim: para continuarmos em frente devemos driblar a morte uma vez atrás da outra.
E sei também que a vida não pode ser feita apenas de felicidade. A vida é desafio e sofrimento também. Sofremos para vir ao mundo, sofremos para crescer, para amadurecer e também para findarmos nossa biografia nessa existência.
Será que existe outra vida? Está aí uma coisa que eu não perco tempo para refletir. Como todos leram acima, já tenho me preocupado muito com um futuro que nem sei se vai acontecer, que dirá o além vida...
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