Acéfalos: O drible contra a Morte Parte IX

sexta-feira, outubro 27

O drible contra a Morte Parte IX

A religião é uma das formas de aprisionamento da alma criativa e é a universidade da covardia.

Tudo se resume no pecado, e na perda do paraíso. A começar por nascermos pecadores, por conta dos pecados dos pais (Adão e Eva).

Quero descrever aqui a necessidade do crente (de qualquer religião) em culpar.
Para que haja o ato de culpar, existe a necessidade de alguém errar.
Para que alguém erre é necessário haver regras.

Se as regras são fáceis de serem cumpridas, cria-se regras mais rígidas. (Queimem as bruxas, amarre o demônio dentro da televisão, do não cumprimento do seu karma)

A religião existe pela necessidade narcísica da importância individual no universo e do amor. Para conseguir o amor do Deus punitivo é necessário pagar as penitências.

As penitências advém exatamente da culpa já descrita acima e aí chegamos num ponto importante: Será que tudo que ocorre em nossas vidas é decorrente de um culpado. Não temos controle de uma gama de coisas em nossas vidas. Fora o fato de sermos induzidos a falhar a todo momento por conta de sermos um ser desejante.

A religião condena o desejo, devemos negar nossa natureza para não pecarmos e garantirmos o "paraíso". As religiões ocidentais são anti naturais por esses motivos.

A noção e "paraíso" e "inferno" também nos parece bastante falhas. As descrições que temos sobre esses lugares sobrehumanos tem maior relevância na bíblia e nas descrições da Divina Comédia.

O que percebo é que tanto o "paraíso" como o "inferno" são lugares desprovidos de diversidade.

Quem chegar no "inferno" sofrerá eternamente. Se você sofre constantemente, o sofrimento perde intensidade até a inércia/monotonia. Quem chegar no "paraíso" encontrará um sentimento de felicidade, essa felicidade passará pelo mesmo processo que descrevi para o "inferno". Para ambos a eternidade nesses locais se tornará insuportável, pois a natureza humana necessita de desafios, de sofrimentos, alegrias e essa diversidade fica impossível na configuração que igreja impõe como realidade "além vida".

Nosso Perdão

Os pecados dos pais
Os nossos pecados
Deixamos os outros em paz
E nos sentimos culpados

Os pecados dos filhos
Filhos de Deus
O Pai também é filho
Deus é filho do Ateu
Que não acredita
Não se purifica
Não cria

Para purificar: Penitência
Nos martirizamos até perder o sentido da culpa

Somos todos pobres diabos
Presos
Com medo do inferno
Na culpa o inferno é o nosso lar
É o nosso corpo
A nossa mente
Com medo de sofrer
(1993)