Acéfalos: Dia da Consciência Negra - Homenagem a Zumbi

quarta-feira, novembro 18

Dia da Consciência Negra - Homenagem a Zumbi

Zumbi (1655-1695) nasceu num dos mocambos que constituíam o quilombo dos Palmares. Foi capturado, recém nascido, em uma das muitas expedições militares contra Palmares e foi dado de presente a um padre, ganhando de batismo o nome de Francisco. Com quinze anos de idade fugiu com um grupo de escravos de volta para o quilombo dos Palmares, livra-se do antigo nome, passando a ser Zumbi, que significava "Deus da Guerra", "Fantasma Imortal" ou "Morto Vivo". Aos dezessete anos já é chefe guerreiro derrotando a quinta expedição armada contra Palmares. É nomeado rei de Palmares. Só é morto em 1695, delatado por um dos chefes palmarinos de sua confiança.

Quilombo significa "sociedade guerreira". O quilombo dos Palmares durou praticamente um século, foi o maior e mais duradouro dos muitos que existiram na América, representando um Estado negro dentro do Estado escravagista brasileiro. Ocupava uma área equivalente a Alagoas, com um total de 20.000 habitantes em uma região extremamente fértil, banhada por vários rios e fauna e flora extremamente diversificadas. Tudo era produzido de forma comunitária, além da agricultura praticavam o artesanato e a metalurgia. Por possuir um ideal comunitário extremamente forte, possibilitando um igualitarismo que o sistema colonial negava e por ter-se formado sob a inspiração do sentimento de liberdade, Palmares representava um ameaça aos senhores de engenho e precisava ser destruído. Depois de sofrer nove expedições armadas (entradas) durante quase cem anos, Palmares é destruído por Jorge Velho e seus bandeirantes.


A história de Zumbi e do quilombo dos Palmares é mais um exemplo entre muitos na história da resistência à escravidão no Brasil. Foi o primeiro grande ato de rebeldia contra o sistema escravagista colonial e o poder em nossa história. Zumbi representa o rebelde que lutou pela liberdade até a morte. Ontem Zumbi lutou contra os interesses dos poderosos de sua época, hoje ele vive em todos aqueles que lutam contra a escravidão capitalista, que ainda mantém os àqules que vivem à margem presos às correntes da exclusão social.


O Dia da Conscîência Negra foi criado como intuito de lembrar aos negros de seu passado, de todo o mal que acometeu a sua raça, de todos aqueles irmãos de raça que morrem de fome na Africa apesar de terem abaixo do solo riquezas, além de resgatar a auto-estima, como uma raça forte que conseguiu sobreviver após séculos de exploração.

Na escravidão foi tirado dos negros todos os direitos transformando os escravos em pessoas com fraca identidade cultural, social e religiosa. O Dia da Consciencia Negra é uma forma de exaltar todas as formas de expressão de sua cultura e para que alimente durante todos os dias sua identidade: capoeira, danças, culinária, percussão e a expressão religiosa da Umbanda / Candomblé.

É nos mitos dos Orixás que o negro poderá sempre se inspirar. Seja no dia-a-dia, ou nos cultos, o modo de ser afro fica mais explícito: na forma de cura do Omulu, na luta de Ogum, na justiça de Xangô. Chorar nos braços de Oxum, pedir proteção para Iemanjá e repousar na paz de Oxalá!

É na música que o negro sempre se expressará no samba, no batuque ou em qualquer vertente afro. Outra forma de expressão são os artesanatos e os cortes de cabelo.

É na culinária em que o negro experiencia em todos os sentidos a cultura afro: desde os pratos mais simples até os mais sofisticados podemos identificar nas especiarias africanas o clima, a natureza e a força do negro.